Seta do meu tempo (Valmir Neitsch)
SETA DO MEU TEMPO
Valmir Neitsch
O tempo é o intento para meu aniversário.
Adversário cronológico, não detém,
parece antecipar os ponteiros do relógio.
Não crendo em eternidade, invento posteridade,
e ao mesmo tempo, é lógico,
insisto pela elasticidade do provento.
Assento, enquanto confesso penitente, renitente
aposentado por tempo de serviço.
Simplesmente aviso:
– Deveras, estou cansado!
Assíduo, malogro o tempo perdido.
Em contratempos, divirto-me com o tempo vindouro,
semelhante a um tesouro, decidiu fenecer comigo.
Antigo, meu tempo ido.
Lido com uma tal contemporaneidade,
revestindo-me da idade,
pois da poltrona espera,
a expectativa fera
do tempo ainda desconhecido.