📕Discurso de posse de Elizabeth Fontes
Discurso de Posse Acadêmica – Academia Joinvilense de Letras
Elizabeth Aparecida de Castro Mendonça Fontes
Exma. Sra. Maria Cristina Dias, presidente
Exmo. Sr. Ronald Fiúza, vice-presidente
Acadêmicos e Autoridades que compõem esta mesa
Demais acadêmicos, familiares, padrinhos afetivos, amigos presentes e os que nos acompanham de forma virtual
Senhoras e senhores,
Boa noite!
“Tudo o que a memória amou, já ficou eterno”.
Inicio com o verso de Adélia Prado, que acompanha os sentimentos e as emoções que em mim se reverberam, nesta noite em que se eternizam nomes, reverenciam-se memórias e perpetuam-se legados.
Sinto-me muito honrada e feliz pelo privilégio de ter minha candidatura aprovada por esta casa, e quero expressar meus sinceros agradecimentos aos acadêmicos que participaram desse processo, e que reconheceram meu nome para integrar a família de escritores da Academia Joinvilense de Letras.
Neste breve discurso, quero apenas declarar palavras de extrema gratidão, reverência, homenagem e comprometimento.
Primeiramente, reverencio a memória de CARL PABST, patrono da cadeira número 7. Engenheiro-agrimensor e botânico alemão, nascido em 1825, radicado em Joinville e falecido em 1863, foi inspetor e membro administrativo da Colônia Dona Francisca em 1855. A ele se deve a obra “A Colônia Dona Francisca 1853”, publicada em 1859.
Tenho a grata satisfação de receber, como patrono, um homem de olhar debruçado sobre a natureza. Um botânico explorador de caminhos, com amplo conhecimento científico. Significativo é pensar que Joinville, eternizada como Cidade das Flores, cuja beleza dos espaços naturais inspiraram meu livro “Sobre os Jardins”, foi exatamente o berço dos estudos e registros paisagísticos do meu patrono, realizados há quase 2 séculos, diante das belezas da Mata Atlântica e dos desafios dos caminhos da Serra Geral. Essa experiência de desbravar terras, explorar paisagens, construir caminhos, encantar-se com as delicadezas da flora tornam-se hoje o meu legado simbólico, lugar de inspiração, onde devo pousar a minha escrita poética. E o que é a escrita poética senão exatamente o desbravar, o explorar e o descobrir os caminhos inimagináveis da palavra, diante da delicadeza dos sentimentos? Recebo, por herança, o encantamento daquele que vislumbra novos mundos. Encantamento que ilumina os olhos e que encontra sentido hoje em outra luz, na metáfora da palavra e da escrita poética. Certamente, um legado muito belo, significativo e simbólico, o qual recebo e agradeço como precioso presente.
Reverencio também a memória de JÜRGEN JAKOBS PULLS, primeiro sucessor. Nasceu em 1919 e faleceu em 1994. Foi professor e doutor em química industrial, considerado um dos maiores mestres do Paraná. Diretor-técnico da Escola Técnica Tupy, em Joinville, na época da sua fundação, no final dos anos 50. Jornalista, colaborador da revista “Blumenau em Cadernos”, do jornal “O Acadêmico”, além de redator do jornal “Folha de Londrina”. Foi um dos fundadores da Associação Filatélica de Joinville (em 1945), da Comissão de Voluntários do Museu Nacional de Imigração e Colonização (em 1961) e da Academia Joinvilense de Letras (AJL), na qual foi admitido em 1972, na condição de cofundador.
Estou muito honrada por ser sua sucessora e sinto-me inspirada por sua notável carreira como professor, escritor, incentivador da cultura e da filatelia, áreas afins em minha trajetória pessoal e profissional, motivo pelo qual terei orgulho, comprometimento e responsabilidade em representá-lo.
Diante desses nomes tão expressivos que me antecederam na história e na memória desta Academia, e o legado que deixaram na cultura e na educação, reitero, neste momento, o desejo de trabalhar em prol da difusão literária e do fomento à leitura. Quero também contribuir para a formação leitora, o cultivo das sensibilidades e o desenvolvimento artístico e estético da literatura em nossa cidade. Especialmente, com os olhos voltados para as crianças e a infância – esse tempo fecundo para criar hábitos, despertar o prazer de ler e a capacidade de decodificar e interpretar o mundo. Espero fazer jus à nobre missão de florescer ideias, cultivar emoções e ampliar consciências.
Neste momento, com especial apreço, quero prestar também minhas homenagens e agradecimentos ao acadêmico David Gonçalves, que incentivou e defendeu minha candidatura, e que me apresenta oficialmente a esta Academia.
Com o coração comovido, agradeço a Deus por minha caminhada artística e literária. A meus pais, irmãos e família pelo apoio constante. Às minhas filhas Ana Luiza e Maria Fernanda, que são a maravilhosa poesia da minha vida, meu amor imperecível. A todos que caminharam comigo no percurso da arte e da música, e aos que caminham comigo agora, pelos terrenos da literatura.
Finalizo com versos de “Canção Amiga”, de Carlos Drummond de Andrade. Poema feito mapa, bússola e esperança, para iluminar e guiar meus caminhos.
“Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam
e que fale como dois olhos […]
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.”
Muito obrigada!
Joinville, 1 de julho de 2021