📕Zabot (Marinaldo)
TEXTO PRESENTE para Onévio Zabot
NOTA: As palavras em negrito foram retiradas de diversos textos do autor.
Quando li sua síntese biográfica eu procurava por significados, buscando uma leitura de quem é Zabot. Dois nomes singulares, Onévio e Zabot, surgiam para mim, separados, como indicadores científicos, parte do alfabeto greto, relação com algumas cidades do leste europeu. Mas foi com a palavra “Extensionista” que dei o primeiro sorriso. (Nota: Eu sempre sorrio quando vou descobrindo e imaginando a vida das pessoas por meio do que dizem elas, ou suas personagens). Nunca tinha me deparado com um extensionista, e de primeira, eu lembrei do antigo papel stencil e pude até sentir o cheiro de álcool que vinha impregnado nas folhas de prova das primeiras séries. Ao descobrir dessa ligação extensionista com o apoio, imaginei um olhar messiânico, compassivo, permanente desde o primeiro vagido, em alguma localidade, possivelmente e estrondosamente verde, entre Joaçava e Herval D’Oeste. E fui ficando curioso ao adentrar no universo Zabotiano, porque sabia que ele me traria novidades, um glossário dono de sentidos cheios de pulsão e vestígios das nossas interligações. Em algumas das leituras que fiz, separei três recortes que já mostraram o porquê deste homem, Onévio Zabot, estar aqui:
Há uma beleza indestrutível nesses versos. Há um universo de palavras vitais que se repetem mostrando a marca do escritor, nos diversos poemas e contos-crônicos publicados em nossa Página- Livro. Por conhecer pouco de Onévio, desconheço o traço do seu sorriso, sua dor ou lamúria, mas encontro uma maneira singular de inserir ou tirar conjunções, como quem semeia ou separa joio e trigo. Sei muito pouco da sua história, mas antevejo pela sua escrita, a lavoura da sua glória, Ceres elucidando seus dias, um campo onde ele observa as montanhas, uma lavragem cheia de poemas de algodão, um cultivador que se estica para “encumpridar” a mão, um semeador que se arrisca a tentar salvar o chão, um senhor que brinca no meliponário ouvindo uma orquestra e se banha em própolis, em néctar, em festa. Se for para fazer um lastro com suas palavras para que nos mantenha em observação constante sobre a natureza, encontraremos um leito para o peito se encher de bálsamo, encontraremos carbono e tiraremos da podridão do esterco a ascensão do adubo para dizer o porquê de sermos humanos. Encontraremos videiras, morraças, canteiros, pomares, terreiros onde expandiremos nossas orações para que os corações se dobrem como os joelhos. Encontraremos um horto, uma enxada, um podão, um serpete, um arado e lado a lado um lenhador de palavras buscando se eternizar em sua plantação no corte e na poda, colono fora de moda que ousa mostrar que a história tem sua direção, e sempre volta com tudo. Olhando o texto que é, leremos em Zabot viveiros, ensaios de cana-de-açúcar, veremos sua terra boa, cheia de plantações de Imbuias, Canelas e Cerejeiras. Veremos milhões de abelhas num prado, banhando- se em olhos d’água que vertem de uma cachoeira! Leremos em suas mãos – podem perceber quando cumprimentá-lo – cultura, cultivo, vermelho, tronco, seiva, verde, aroma, pitaia, ameixa. Perceberemos o extensionista presente naquilo que escreve, na linha onde está escrito inseto, olfato, cascavel, caçada, encontraremos um poema tão largo como o Rio Sarandi, tão longo como uma estrada de ferro, tão vasto como uma estrada de sol, tão solto como sinais de fumaça! Talvez vejamos Dona Liturina carregando a infância, fazendo lembrar da catinga de bicho que era encontrada no mato – natureza que é uma escola o dia inteiro! Talvez possamos ver seu neto Pedro, cruzando alguma ponte, olhando com ele algum passarinho, ambos encontrando ensejo tanto na matriz quando nas ramificações dos brotos, ambos enleando o vento para andar descalços sobre o seixo, olhando para dentro do poço, e no reflexo de ambos, encontrando o tempo.