📖 Discurso de posse de Bernadéte Costa
Discurso de Posse na
Academia Joinvilense de Letras
1º de julho de 2021.
Boa noite!
Nas pessoas do Secretário de Cultura e Turismo, Senhor Guilherme Gassenferth e da Presidente da Academia Joinvilense de Letras, Senhora Maria Cristina Dias, cumprimento os membros da mesa, autoridades, acadêmicos e convidados presentes, bem como os que nos assistem pela transmissão “on-line”.
Menciono a alegria da presença, neste momento, de importantes pessoas que acreditaram na minha escrita e me incentivam diariamente: meu companheiro o escritor Romualdo Vicente de Ramos e os amigos Margit Olsen, Valério Mattos e Maria Bernadete Mattos.
“DOMUS AMICA, DOMUS OPTIMA” – “UMA CASA DE AMIGOS É A MELHOR CASA”!!
Ser recebida com tanta afabilidade e apreço por esta casa de amigos é uma grande alegria e, ao mesmo tempo, responsabilidade.
Ocupar a cadeira 27, pertencente a Mário Tavares da Cunha Mello, tornando meu nome imortalizado não é uma questão de status, mas de comprometimento com a literatura no fomento à escrita e à leitura.
Mário nasceu em Joinville, em 1909, no mesmo ano em que a iluminação elétrica chegou à cidade.
Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Catarina, em 1955.
Dirigiu e redatoriou o jornal O Correio do Povo, de Jaraguá do Sul, sendo um de seus sócios de 1937 a 1947. O Jornal, hoje, está com 102 anos.
De 1963 a 1965, atuou como Secretário de Estado do Interior e Justiça.
Foi Deputado na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC) em três legislaturas, percorrendo o caminho político de 1959 a 1971.
E foi em 1969 que Mário, juntamente com outros grandes nomes da literatura de Joinville, fundou a Academia Joinvilense de Letras.
Mário Tavares da Cunha Mello suscita minhas memórias afetivas com sua carreira acadêmica e política, pois meu pai, Olávio, foi vereador em Blumenau, idealizando, sempre, desenvolvimento para a comunidade; e minha filha, Pollyanna, dedica-se ao Direito. E assim, da mesma forma, como está sendo minha trajetória, Mário, com seu dinamismo, debruçou-se, também, ao empreendedorismo e às causas da cultura e literatura.
Reitero que ocupar a cadeira de Mário Tavares da Cunha Mello, um dos fundadores desta entidade, impõe-me honrar a história desse homem preocupado com o bem comum.
Desse modo, reverencio, também, Mimoso Ruiz, o Patrono de nossa cadeira 27.
Alexandre Nogueira Mimoso Ruiz, de nacionalidade portuguesa, chegou ao Brasil no ano de 1922.
Foi, pela força de sua escrita, reconhecido pelos Diários Associados como: “O Pena de Ouro”. Possivelmente, por influência do bisavô, desde a tenra idade, apresentou gosto pela aventura, luta por ideais e busca pela verdade.
O jornalista e poeta instalou-se em Santa Catarina e, interessando-se pela vida pública, foi correspondente de guerra, cobrindo campanhas militares, incorporando-se como 2° Tenente voluntário à Força Pública, atingindo, assim, o posto de capitão. Lecionou nos cursos de Preparação Militar e de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Mimoso recebe uma série de convites e se torna redator dos Jornais: Diários Associados, Noite, A Notícia e, Gazeta e Folha Nova em Florianópolis.
Viveu em Porto União. Lá criou o jornal A Voz do Sertão.
Teve, também, passagem por Joinville, onde se tornou um dos grandes nomes da imprensa joinvilense, atuando nos primórdios do nosso saudoso jornal “A Notícia”.
Alguns poemas de Mimoso Ruiz são de temática polêmica; já outros trazem um distanciamento das origens portuguesas, quando ele se aprofunda no universo regional e folclórico do sul do Brasil, tanto na forma, no tema, como no vocabulário.
Ao finalizar minha fala, regozijo-me com os versos de Mimoso Ruiz, deixando extravasar minha alma poética:
“Ch’ucro na tropa
desta vida no rodeio
na mangueira dos teus braços
ando em busca de custeio
na herva-mate dos lábios seus
eu quisera morrer viciado
perdoe-me Deus
Oh quem pudera
ir tomar cheio de desejos
na cuia da sua boca
chimarrão feito de beijos”.
(Mimoso Ruiz – CANTARES CABOCLOS)
Neste momento, assumo o honroso compromisso de colaborar com as ações literárias da Academia Joinvilense de Letras, pois “UMA CASA DE AMIGOS É A MELHOR CASA”.
Muito obrigada!
Bernadéte Schatz Costa
Acadêmica Cadeira 27