31 de outubro – Dia da Reforma Protestante (Paulo)
31 de outubro – Dia da Reforma Protestante
Paulo Roberto da Silva
No último dia 31 de outubro, muito mais do que o “dia das bruxas”, a tradição luterana recorda o “Dia da Reforma Protestante”. Foi nessa data, mas no ano de 1517, há 506 anos, que Martin Luther (ou, em português, Martinho Lutero) fixou nas portas da igreja do Castelo de Wittenberg, na atual Alemanha, suas 95 teses pelas quais “protestava” contra certos dogmas da igreja católica. Por tal motivo seus seguidores (os luteranos) foram, mais tarde, chamados de “protestantes”.
A rigor, portanto, os únicos protestantes são os luteranos, pois foi através do protesto de Lutero que seus seguidores foram assim tratados.
Quando aluno no Colégio Bom Jesus, uma instituição luterana, o dia da Reforma era um feriado escolar. E era a época mais aguardada do ano pelos alunos, pois tínhamos 3 dias seguidos de feriado escolar: o 31 de outubro (Dia da Reforma), o 01° de novembro (Dia de Todos os Santos) e o 02 de novembro (Dia de Finados). Isso nos garantia, praticamente, uma semana inteira de “folga”!
Esse preâmbulo um pouco longo (pois tenho dificuldade de ser breve) é apenas para recordar um outro personagem: Martin Monnich (a grafia “Monich” só seria adotada em definitivo com seu neto, Samuel I Monich). Ele nasceu em Wismar em 1489 e faleceu em 1558 sendo, portanto, um contemporâneo e um homônimo de Martin Luther (que nasceu em 1483 e faleceu em 1546).
Na longa genealogia da família Monich, esse antepassado conta com uma trajetória de vida revolucionária e corajosa, em especial num período muito delicado da História. Ele figura na 9a. geração dos Monich, a contar do primeiro antepassado, Johannes Monachus (*1180 +1272).
Nascido como filho primogênito do secretário do duque de Mecklenburg, Johann Monnick, à semelhança de seu pai também estudou na Universidade de Rostock, onde foi admitido aos 20 anos de idade, a 11 de outubro de 1509. Lá cursou Teologia e, após, Direito, concluindo seus estudos com êxito e demonstrando muita perspicácia e poder de persuasão.
Era esperado que, como filho mais velho, viesse a assumir as funções do pai no ducado e se tornasse responsável pela manutenção da família, mas Martin não parecia estar disposto a isso.
O fato é que, desde muito jovem, tornou-se ele um dos seguidores (secretos) das ideias de seu contemporâneo Martin Luther (ou Lutero, como o conhecemos), o que o levou a enfrentar muitos conflitos. Essas ideias de Lutero foram levadas a público, como acima mencionado, em 31 de outubro de 1517, data esta considerada como a do nascimento do protestantismo.
Sendo ainda um católico jovem, Martin Monnich, por exemplo, pretendia se casar, o que se chocava com os dogmas da igreja católica caso se tornasse um pregador mas não com as teses de Lutero. Mesmo assim, em um documento de 1542 ele ainda é mencionado como um “papista”, ou seja, um seguidor do Papa. Certo é, contudo, que Martin Monnich acabou por abraçar o protestantismo, que havia se tornado uma espécie de “igreja regional” no Ducado de Mecklenburg, tornando-se Pastor em Lichtenhagen, onde faleceu em 1558, aos 69 anos. A partir dele, toda a família se tornaria protestante, a ele se seguindo 7 gerações de pastores luteranos até alcançar Wilhelm Christoph Monich (pai do imigrante Carlos Monich, um empresário e político que se tornaria o 5° prefeito de Joinville).
Foi Martin Monnich o decavô (ou décimo-avô) da minha avó materna Jenny Krüger e, portanto, meu dodecavô (ou décimo-segundo-avô). Mantenho contato com muitos dos seus descendentes, pois mais do que meus primos em diferentes graus, eu os considero meus amigos.
E nesse dia 31 de outubro, quando se recordou os 506 anos da Reforma Protestante encabeçada por Martin Luther, nada melhor do que resgatar uma faceta da vida desse distante antepassado, o pioneiro Pastor Martin Monnich que, para nós, foi o “nosso” primeiro protestante!
Na imagem abaixo, a primeira página de sua biografia no original alemão, como consta do livro da família Monich, que foi escrito por meu hexavô Hermann Monich há 200 anos e reeditado pela última vez em 1980 (em comemoração aos 800 anos da família). Na mesma página, um detalhe da igreja de Lichtenhagen.