50 anos da AJL: o discurso do acadêmico Carlos Adauto

O que é uma academia de letras?

Glória futura; celebridade, imortalidade!

            Mas alcançá-las, por seus méritos

            Ex: os gregos antigos deixaram tesouros incontáveis para a posteridade. E como alcançar a posteridade                unicamente por seus próprios méritos.

– Não – disse Bilac – os acadêmicos são imortais porque não têm onde cair mortos … Ao que Ruy Barbosa lhe respondeu: Já temos o nosso jazigo perpétuo no São João Batista…. Exemplar cordialidade, que temos copiado, aqui, na nossa Academia Joinvilense de Letras, razão pela qual festejamos os seus primeiros cinqüenta anos.Não foi outro o sábio propósito do incansável, infatigável Adolpho Bernardo Schneider, ainda tão mal reverenciado por tudo quanto fez pela História e a Cultura da pujante Dona Francisca. Inclusive na reedição das suas memórias escritas à maquina e impressas em estêncil. Nostra culpa, nostra culpa, nostra culpa. Porém de que desejamos ser absolvidos pelo resto que Ele nos teria guiado a produzir. Imitamos a Brasileira? Não; mal pensamos nela, os que a fundamos. Queríamos o reconhecimento do nosso status de cultura empresarial e cultural, trazidas pelos colonizadores. Nem imitamos outras congêneres. Foi um longo tempo para a Brasileira: Existiram, certamente, cenáculos de apelação menos pretensiosa, como fez notar Afrânio Peixoto em sua introdução aos volumes que compendiam seus discursos acadêmicos. Relata-nos ele que, em Portugal, surgiu, em 1647, a Academia dos “Generosos”, seguida pela dos “Singulares” em 1663. “Confiados” se chamavam os acadêmicos de Pavia; “Declarados”, os de Siena; “Elevados”, os de Ferrara; “Inflamados” os de Pádua; “Unidos”, os de Veneza. Em 1724, criou-se na Bahia a “Academia Brasílica dos Esquecidos”, ressuscitada depois sob o nome de “Academia Brasílica dos Renascidos”. No Rio de Janeiro, em 1736, se instalaria a “Academia dos Felizes”; e em 1751, a dos “Seletos”. A mais bizarra de todas foi a dos “Rebeldes”, uma aventura juvenil de Jorge Amado, criada em Salvador, para rebater o formalismo e suposto elitismo da Academia Brasileira de Letras. Teve precária existência, de 1928 a 1930, reunindo-se numa sala de sessões espíritas, sob os eflúvios de Alan Kardec. Jorge Amado depois criou juízo, sendo eleito “imortal” nesta Academia, que satirizou, em 1961, da qual foi membro querido e respeitado. Durante certo tempo, foi chique entre os intelectuais de esquerda desdenharem o venerando grêmio de Machado dos e Assis, mas vários sucumbiram ao seu encantamento, como Antonio Callado, Antonio Houaiss, Darcy Ribeiro e Dias Gomes. Cá não tivemos este problema. As morte, infelizmente, carregou para nove sobreviventes a força necessária a chegarmos a esta data tão querida, na qual, por questão de tempo, deixaremos de citar os que nos deixaram saudades e exemplos. Em honra a sua memória, festejamos, como gostariam, o seu desiderato. E hemos de o sobreviver, porque – Senhoras e Senhores –queremos ser oximoros: mortos, mas imortais pelas nossas obra em favor de Joinville, de Santa Catarina e do Brasil. Vale dizer ante a fácil comunicação terráquea: pela Humanidade!

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