A bola falante
Todos os dias a criançada daquele edifício brincava animada. Pulavam corda, jogavam amarelinha, batiam peteca, faziam roda cantando lindas cantigas, brincavam de passar anel e muitas outras coisas.
Naquela tarde, Carolina e Amanda que comandavam a turminha deram a ordem:
– Hoje cada um vai dizer um provérbio.
– Tá bom, disseram juntos João Paulo e João Pedro, mas primeiro os meninos.
– “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
– “De pequenino é que se torce o pepino”.
– Você Carolina, falou João Pedro.’
– “Barco parado não ganha frete”.
Amanda continuou:
– “Mais vale um pássaro na mão que dois voando”.
Bruna :
– “Gato escaldado tem medo de água fria”.
– Eu não sei nenhum, falou Cecília, a menorzinha da turma.
– Muito bem, disse João Paulo, já deu, já deu, vamos pra outra. Vou ensinar uma brincadeira que minha avó me ensinou: Bento que Bento Frade.
– Como é isso? Bruna perguntou muito interessada.
– É assim: o “mestre” pede e a gente junta folhas de árvores e com elas faz uma bola. Eu sou o “mestre”. Eu pergunto e vocês respondem a última palavra que eu disser. Vamos lá?
– Vamos, vamos, responderam todos.
E João Paulo, como “mestre”, começou:
– Bento que Bento Frade!
– Frade!
– Onde quereis que eu brade?
– Brade!
– Na boca do forno!
– Forno!
– Tirando bolo!
– Bolo!
– Farão o que o “mestre” mandar?
– Faremos!
– Correndo, correndo, buscar uma folhinha de laranjeira.
Todos correram e trouxeram a folha pedida. Assim foram repetidas as ordens e vieram folhas de goiaba, pitanga, rosa, capim, grama, bem-me-quer, etc… até que aos pés do “mestre” amontoaram vários tipos de folhas. Com elas encheram uma meia velha, formando uma bola.
– E agora o que é que a gente faz? perguntou Amanda.
– Agora alguém esconde a bola e os outros vão procurar.
Carolina foi esconder a bola. Quem a encontrou foi Cecília. Pegou com tanta força pela alegria de tê-la achado que ficou assustada quando ouviu a bola dizer: ai!
– A bola falou, disse ela.
As outras crianças não acreditaram e uma por uma pegou a bola apertando-a nas mãos. A cada aperto, se ouvia um “ai”!
– Tem alguma coisa aí dentro dessa bola, falou João Pedro.
Abriram a bola com muito cuidado. Para surpresa deles encontraram uma lagarta verde que, agradecendo a gentileza de terem-na libertado, transformou-se numa linda borboleta colorida.
As crianças ficaram encantadas com a metamorfose que presenciaram.
A borboleta então saiu voando graciosamente e voltando-se para as crianças falou:
– Adeus meus queridos! Continuem a brincadeira e não se esqueçam de mim!