A lição do rio

Como um rio, assim a vida:

Na encosta escondida

Nasceu – pra servir…

 

Murmúrios da fonte –

Tão longe o horizonte

Que é preciso atingir!

 

O rio vai correndo…

Será que eu entendo

O segredo do rio?

 

Pergunta ele acaso,

Correndo assim raso,

A quem foi que serviu?

 

O campo tem fome…

Não lhe indaga do nome,

Lhe dá de beber!

 

E dando-se passa…

O rio é uma graça –

Eu preciso entender!

 

Se leva consigo

Obrigados de amigo –

Isso não o detém!

 

Os campos o esperam…

De há muito souberam

Que o rio aí vem!

E as matas que corta,

Cidades conforta –

Não para a sonhar…

 

Perigos enfrenta…

Por que ele não tenta

Fugir, recuar?

 

Soberba cachoeira –

Responde altaneira

Do rio porta-voz:

 

Se a luta intimida,

Dá sustos a vida

No embate feroz,

 

Lá longe, o oceano,

Profundo, arcano,

Aguarda-o em paz!

 

O rio não pergunta

Que mérito junta,

Fazendo o que faz!

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