Ac. Fiuza leu Taras Bulba, de Nicolai Gogol

Taras Bulba – Nicolai Gogol

O homem deve, antes de tudo, mostrar seu valor em uma batalha de verdade. Só depois ele deixa de ser criança.

Para defender nossa terra e nossa igreja não há regras, vale tudo.

O ser mais importante não é a mulher, é o nosso amigo, nosso camarada.

O que mais vale não é a mãe, é a nossa espada.

Valores? Liberdade, amizade.

Lazer? Muita bebida e muita dança.

Virtude? Coragem, só a coragem!

A ética cossaca permeia todo este romance de Gogol, publicado no século XIX. O povo cossaco habitava as estepes ao norte do Mar Negro, onde hoje fica a Ucrânia. Exímios cavaleiros, eram seminômades e se reuniam em determinados sítios, onde treinavam, festavam e de onde saiam para as guerras.

Taras Bulba era um velho cossaco que recebe, no início da história, seus dois filhos que voltam dos estudos de Kiev. Logo na chegada, Taras debocha das roupas do filho mais velho, o que provoca uma discussão e a seguir uma briga corporal entre os dois. Depois de quase se matarem, o velho interrompe a briga e abraça o filho, demonstrando a grande satisfação de ver que ele já estava pronto para a vida. Iria para o serviço militar, passando a fazer o que realmente importa e parando de vez com a besteirada que lhe ensinam na escola.

Este romance histórico acompanha o pai e os filhos nas batalhas sanguinárias. Mostra a determinação do povo cossaco, a força na defesa de sua cultura, a desconfiança que tinham com os judeus e o ódio devotado aos poloneses, aos tártaros e aos otomanos. É uma sequência de invasões à terra inimiga e de defesas da própria terra. Sempre com muita audácia, muita bravura e muita violência.

Entre as batalhas há tempo para uma história de amor do filho mais novo com uma linda filha de poloneses, o que traz muita confusão e um desfecho trágico.

Conta-se que o governo russo não gostou da primeira versão do romance, considerada muito favorável à Ucrânia. Pressionou então para que fosse escrita uma segunda versão, então com atenuações mais ao agrado dos russos.

Taras Bulba é um grande romance curto. Hemingway o considerou como um dos 10 livros mais importantes de todos os tempos. Dostoiévski diz que “todos nós saímos de Gogol”.

O livro deu origem a um filme americano em 1962 com Yul Brynner e Tony Curtis. Há outros filmes inspirados no romance, originados da Alemanha, da Inglaterra, da Ucrânia e da Rússia, além de uma sinfonia e uma ópera.

Eu sempre gostei da literatura russa e o momento atual me trouxe a este autor ucraniano. Pelo que eu li em Taras Bulba, os russos não terão moleza nesta invasão.

 

Resenha de Ronald Fiuza

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