Ac. Nelci leu “História da minha vida”, de Charles Chaplin

História da Minha Vida

(Charles Chaplin)

Nelci Seibel

 

… Para que chorar o que passou? Lamentar perdidas ilusões (…), frases de   “Luzes da Ribalta”, trilha sonora do filme do mesmo nome, de Charles Chaplin. Último filme da carreira de Charles Chaplin como cineasta, que coroou sua trajetória de sucesso no mundo inteiro, consagrando-o como o gênio do cinema mudo.

Chaplin fez oito filmes (1918-1923), considerados sua fase experimental, os que antecederam os momentos do clímax de sua carreira artística. A partir dali “explode” sua genialidade artística, com filmes como Em Busca do Ouro, O Circo, Luzes da Cidade – esse que o consagrou em definitivo – entre vários outros que levavam o público ao delírio.

Autor do tema, protagonista e produtor, suas fitas mudas eram sempre peculiares. Para criar uma comédia bastava um tema, não importava que fosse engraçado, triste ou trágico. Ele conseguia fazer o público chorar de tanto rir, ou rir e chorar, com seu eterno papel de vagabundo – sapato grande demais, calça amarrada com cordão e fisionomia de pobre coitado.

Desde que nasceu, na Inglaterra, em meio a artistas do teatro de variedades, incluindo seus pais, Chaplin viveu verdadeiro drama humano, que atravessou quase imperturbável em sua experiência da mais negra miséria, perseguição policial e dos perigos da vida, ameaçada pela destruição e pela guerra.

Carlito frequentou a escola somente por dois anos e aos oito andava errante pelas calçadas buscando alguns pequenos trabalhos que lhe rendessem algo para amenizar a fome.

Em vez de chorar fazia poesia sobre seu infortúnio, quando pensava, pensava…, em como poderia sair dessa vida desesperadora, prometendo a si mesmo que um dia viria a ser um grande homem E a este sonho se agarrava. “Enquanto você sonha, você está fazendo o rascunho do seu futuro”, formulava.

Entrou em grupo de teatro muito jovem, com o qual viajou em tournée aos Estados Unidos, na segunda classe de um navio. Ali permaneceu, trabalhou, enriqueceu e adquiriu o título de ícone mundial do cinema mudo. Foram 40 anos de trabalho nos EUA, nunca se naturalizou naquele país. Era amado pelas maiores autoridades do mundo, assim como pelos mais simples cidadãos. Equipes de atores de seus filmes, funcionários de suas mansões, tratava todos por igual.

Chaplin era solitário. Nada achegado a farras, seu lado comediante vinha sempre acompanhado de boa dose de tristeza e melancolia. Essa tendência ele próprio atribuía a sua triste infância, que o acompanhou pela vida. Trabalhava muito e aos fins de semana amigos o convidavam para oferecer-lhe companhia, por conhecer os nostálgicos momentos.

Enquanto fazia seu último filme Luzes da Ribalta conheceu a mulher que reconheceu como o amor de sua vida, que lhe deu oito filhos. Encerrou, então, sua atribulada trajetória e foi morar na Suíça, para fugir das multidões que em todos os lugares o aguardavam.

Encaminhou os filhos, quase todos para profissões artísticas e curtiu sua jovem esposa, escrevendo poesias, ouvindo música e de vez em quando recebendo algum amigo. “Vidas que se acabam a sorrir, luzes que se apagam, nada mais…”

** “História da Minha Vida” foi editado em 1965, com mais de 500 páginas em fonte mínima. Porém ao iniciar a leitura é quase impossível parar

Nelci Seibel

Joinville 29.06.2021

 

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