Ac. Simone Gehrke leu “A historia que não está no gibi” – Biografia de Maurício de Souza

 

Ac. Simone Gehrke leu “A história que não está no Gibi – Biografia de Maurício de Souza”

 

Tenho uma admiração especial pelas pessoas que, além de sobreviverem aos nãos, os transformam em alavancas de resistência. Que entendem  uma negativa como um sinal de que para transpor o obstáculo que muitos consideram impossível, é preciso acreditar no sonho,  alterar a rota, encher a alma de paciência e seguir em frente.

Na biografia ‘A história que não está no gibi’, Mauricio de Sousa nos brinda com momentos deste tipo. Como o que aconteceu aos 19 anos, quando o artista que criou a Turma da Mônica ouviu  do diretor de arte da Folha da Manhã (um ancestral da Folha de São Paulo) ao apresentar seus primeiros trabalhos:

– Desista menino. Desenho não dá dinheiro nem futuro pra ninguém. Vá fazer outra coisa da vida.

Teimoso, o menino não foi.  Até aceitou um emprego de repórter policial e se distraiu com outros serviços para tocar a vida naquele momento, mas manteve em paralelo seu propósito de viver do desenho e começou suas primeiras colaborações de quadrinhos para jornais.

Em 1962, sem emprego, com três filhas para sustentar e sob a mira da repressão, que o tomava por comunista, Maurício viu-se diante de uma nova encruzilhada, que poderia afastá-lo de vez de seu talento.  “Então, como nos quadrinhos, precisava encontrar uma saída para terminar bem a história”, recorda.

E o que ele fez? Decidiu desenvolver o mercado. Virou mascate de seus quadrinhos e foi oferecê-los de porta em porta para jornais e instituições religiosas do interior de São Paulo, distantes até 100 quilômetros de Mogi das Cruzes, onde morava. Isso lhe permitia ir e voltar no mesmo dia, sem gastar com hospedagem. A estratégia deu certo: em seis meses, mais de 90 semanários paroquiais e 10 jornais publicavam suas tirinhas.

Situações como as vividas por Maurício de Sousa só reforçam a convicção de que devemos, sempre, preparar o espírito para encarar o cenário mais difícil. Afinal, só corre o risco de ser ousado quem tem coragem de aceitar a eventualidade de uma resposta negativa.

 

 

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