📓Adauto (Marinaldo)
TEXTO-PRESENTE PARA CARLOS ADAUTO VIEIRA
Prelúdio: Invento-me de ti para voar. Invento-me de Karl para virar Charlot. Invento-me de Rua para virar Ponte. Invento-me do que desconheço para supor tua grandeza enquanto homem, para compor, tentando o enlevo, a tua maestria.
Prezados Acadêmicos, leitores e leitoras, povo das diversas cidades que vivi, gente dos diversos lugares por onde andei, com rumo ou sem, feito as minhas intenções de tudo ver e maravilhar, como no enredo que imprimi no meu livro, Europa sem Programa; a vocês todos, quero registrar os agradecimentos, que não são de chegada ou de partida, mas agradecimentos apenas, pelo fato de eu ter me tornado o que sou. Lageano de nascença, joinvilense de vida, tendo vestígios de tantos lugares, registros francisquences, vícios linguísticos da Florianópolis que tanto me orgulha, pois ser manezinho é um dos privilégios de alguns homens! Trago histórias enraigadas de Blumenau, recordações das pessoas mais humildes vestidas das mais importantes, e gente metida a arrogante sem nunca ter emprestado sequer uma palavra. Esta vida, de décadas e lá vai pedrada – Em tempo: pedrada em mão de poeta vira poesia – tive o privilégio de brincar-me Deus ao advogar, o sortilégio de também ser um, quando ao escrever eu pude criar. Escrevendo, já até supus um menino Jesus engenheiro, fazendo em magia a ilha da então Desterro, e criando um vento vagabundo que alicerça a memória de quem naquela terra habita. Advogando, tive a honra de ter tido como primeiro caso, aqui em Joinville, em 08 de fevereiro de 1957, uma ação promovida pelo senhor Alberto Theilacker contra a prefeitura, promovendo um acordo que fez com que estivadores da época ganhassem 17 milhões de cruzeiros! Passei a ser reconhecido com um advogado a favor dos trabalhadores! E o mais incrível, continuei também amigo dos patrões! Acompanhei Carlos Schneider trazendo as magrelas para Joinville! Nossa Joinville começava a se tornar cidade das bicicletas, por causa dele. Até escrevi uma crônica sobre o papel das zikas na construção das nossas preciosidades. Conheci as figuras que hoje são nome de rua, mercado, loja, posto de saúde, escola, biblioteca. Eu conheci a arquitetura desses lugares! Conheci Schultz quando seus funcionários eram a própria família, os vizinhos, gente que produzia no quintal! Lembro do primeiro voo na cidade, um Bandeirante! Lembro da primeira rosa que dei presente, era vermelha! Lembro do primeiro presente que comprei com meu dinheiro: isso é segredo! Sou um homem livre. Sempre fui livre. A liberdade, mesmo sendo conceito tão amplo, está em mim sem explicação plausível. Esteve comigo quando estive preso. Esteve comigo dentro de um banheiro que foi minha prisão quando fui preso pela ditadura. A liberdade foi a égide do meu pseudônimo, Charles D’Olenger, da origem dele, Karl. Do abrasileiramento deste, Carlos… Charles, Charlot, Karl, Carlos, tudo vindo da palavra Forte. É bom ser forte na lembrança, ser força na imortalidade, ser criança na mocidade tanto quanto nesta idade em que paro para ser escrito por alguém que tenta brincar de ser eu. E acho que esse que me escreve, só me escreve, porque acredita que sou bom. E afirmo como é bom estar escrito neste tempo, e nesta linha. E palmas ao criador.