Aleitamento
Deste o tempo de Adão e Eva (creio, piamente, na Bíblia), o leite materno é considerado o alimento ideal para recém-nascidos. Contém a quantidade exata de sais, de vitaminas, de gordura, de água etc. Além de transmitir anticorpos, capazes de evitar um sem número de doenças, algumas fatais, nos bebês.
No entanto, à medida em que os cientistas, os médicos, os nutricionistas exaltam as excelentes qualidades do leite materno, paradoxalmente, ele vem escasseando, seja por motivos fisiológicos; seja por motivos psicológicos; seja por motivos estéticos; seja por motivos de comodidade. Mães o substituem por leite de outros animais, fresco, ou enlatados.
Mas nem sempre isto funciona. O bebê não se adapta ao mesmo e, então, surgem as consequências: alergia, intoxicação, desidratação e problemas gastroenterológicos para a vida afora.
Ainda por cima, na entressafra, o leite de vaca, mais comumente utilizado, desaparece, rareia. E o de lata, se não sofre o mesmo fenômeno, ganha novos e mais elevados preços, desesperando os pais.
Preocupados com este seríssimo problema, cientistas pesquisam, em laboratórios, a solução. E já descobriram mil sucedâneos, inclusive o de soja, usado desde os tempos do Egito antigo, como alimento superior. Porém, para o bebê, leite artificial, sujeito às mesmas restrições.
Agora, na Inglaterra, equipe de pesquisadores orientada por famoso sociólogo, chegou à conclusão de que existe uma reserva inesperada, e praticamente inesgotável, de leite humano, jamais utilizada, não só por desconhecimento, mas, especialmente, por certa atitude, hoje conhecida e criticada no mundo inteiro, pelo apelido de machismo. Sim a equipe, após longa, profunda e custosa pesquisa, verificou que o leite paterno é tão bom quanto o materno, sendo bastante ativar, com hormônios, a prolactina masculina para ver jorrar da suas mamas, em desuso há séculos, leite abundante.
A boa nova (para as mulheres, é claro) colocou em campo o movimento feminista, por toda a parte, exigindo que os maridos também tomem a si a tarefa de amamentar os filhos, libertando as esposas desta obrigação imposta pelo machismo, no decorrer dos tempos.
A campanha, é evidente, está ganhado força e adaptou e já tem um precioso aliado: os desmunhecados, os Gay Power.
Pessoalmente, não estou preocupado. Meus filhos já passaram dos dez anos de idade. Mas me preocupo com amigos, cujas espojas estão grávidas e com outros, em vésperas de casamento. Porque fico imaginando, em reunião social, enquanto as senhoras jogam cartas e os homens “aperitavam” e conversam, ouvir a recém-mãe, olhando o relógio, dizer para o marido:
– Benzinho, tá na tua hora de dar mama por neném.
E o maridão se levantar, apanhar o filho do Moisés sentar-se no canto da sala e, constrangido, pedir licença aos demais, abrir a camisa, expor o peito cabeludo e amamentar a criança.
Ou, ainda, consultar o ginecologista e queixar-se:
– Não aguento mais, doutor, meu seio está que é um figo. E ouvir o médico confortá-lo:
– Popularmente o nome é este mesmo, figo. Fique tranquilo, pois quem amamenta tem, muito menos possibilidade de câncer no seio.
Ou, também, lermos anúncios, como estes:
“Jovem do Gay Power, de boa aparência, oferece-se como ama de leite. Produção: três litros por dia”.
“Procura-se senhor de meia idade, de preferência viúvo sem filhos, para ama de leite. Paga-se bom salário. Exige-se que durma no emprego e seja portador do certificado do DIPOA (Departamento de Inspeção de Produto de Origem Animal).