Amor é pop

Quantas vezes você já ouviu Eu te amo? Leu? Disse? Quanto de amor absorveu? Quanto do amar do amor é fabuloso? Mas o que é amor, e o que é fabuloso? Amor é realmente uma chama que arde sem se ver? Ao próximo é realmente possível? Até onde você seria capaz de abrir mão de você para ser outro? Ah, isso não é amor? Amar a si primeiro e depois ao outro é que é verdadeiro? Será? Não seria o primeiro, altruísmo e o segundo, egoísmo? Não! Amar ao outro antes de si é burrice, submissão! Nesses tempos, é até um absurdo! Será? Repito a pergunta. Tenho evidências, mas posso estar enganado. E quem sou eu para chegar aqui e falar de amor, descaradamente? Com que direito? Mas há um jeito certo e um errado de amar? Perdoar 70 vezes 7 como disse Jesus, e fazer isso com o parceiro que lhe enfiou a mão na cara, no bolso e na moral esse mesmo número, seria amor verdadeiro? Mas eu preciso realmente, para perdoar, desse amor violento e ter que continuar me prestando a ser a vítima de mim mesmo? Até que ponto eu deixar de ser o que nunca fui vai me transformar no ser que eu penso existir mas que nunca serei?

Desde os tempos mais remotos, sem retroceder tanto na história para não falar de conjecturas quando o que me convém são fatos, mas desde a Idade Média, digamos assim, que o amor, pelo menos o amor Eros, é essa mistura de vaidade, desejo, tolerância, completude e mascaração, afinal, quando me apaixono, ou amo, passo a fazer coisas movido por uma coragem antes inexistente: seria este novo ser o verdadeiro escondido antes atrás do que não amava, ou esse sorridente humano que aparece nas fotografias é uma entidade que subverte o outro que antes era tão coerente, cauteloso, previsível?

Percebem ao ler que faço muitas perguntas, mas é claro, tenho minhas convicções, sempre balançáveis, nesse meu turno em amar continuamente e me adaptar ao coerente e ao não coerente do que não sou, e vou me transformando. Mas como não sou de ficar no muro, digo que acredito no amor que não machuca, mas sufoca um pouco: sou de escorpião. Acredito no amor que se transforma, que transcende a cama, que suporta a miséria e o desemprego, até porque já estive em situação miserável e desempregado, e quantas vezes acordei rindo! Acredito no amor pelo amigo e no amor à primeira vista por pessoas iluminadas que passam por cima dos ataques contemporâneos de que devemos desconfiar de tudo. Sou ousado, confesso. Corajoso para amar e me espanto com a quantidade de gente falando de amor da boca pra fora, presente em si mesmo, mas vai que falar por falar é melhor que cultivar o silêncio. O amor quer é se mostrar, esse exibido.

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