As pererecas de Corupá ( Carlos Adauto)

AS PERERECAS  DE CORUPÁ

Para os Mestres e Equipe da Clínica Odontológica CEDRO, sempre moderna.

 

UM  dia, lá por 1958, Abelardo Ganancinha, o Inesquecível Fiel Escudeiro, pediu para faltar ao serviço naquele dia. Estranhei, porque era sempre pontual e não gazeava o Escritório fosse porque fosse.

– Que houve? – perguntei, temendo moléstia.

–Vou a Corupá pra botar uma dentadura.

– Como ? Num dia ? Não fizeste tratamento algum….

– Mas é na hora. E já marquei a minha. É hoje, às 11 horas.

– Tens dinheiro pra litorina e pra dentadura e a comida ? Ou não vais comer ?

– Ele garante que coloca dentadura e que, duas horas depois, já posso mastigar à vontade.

– Então, toma cem. Não precisa troco. Quero ver este milagre…..

No dia seguinte, chegou cedo ao Escritório para exibir a dentadura.

– Uma realidade ! Assombrei-me. Tirou-a e a colocou com enorme facilidade, salientando que já conseguira comer de tudo sem problemas . Na sexta iria comer uma costela, assada pelo Biba, seu genro e os netos. Serginho, Nádia e outros. Mais os filhos Adilson, que era embarcadiço e a esposa, e o Onilson, que ajudava no Escritório. O outro genro Hélio, a mulher e a filha estudante de Direito . E eu estava convidado.

– O dinheiro chegou ?

– Inclusive para pagar a dentadura – respondeu tranquilo. – E aqui ? – perguntou.

– Normal. Mais clientes e mais ações sobre salários de menor. Vamos faturar…..

A vida voltou à normalidade até sexta.

Fui cedo para a costelada, porque o falecido Biba (Abimael César Ferreira, 2406017 ) preparava uma caipirinha divina e era preciso forrar o estômago com ela.

Lá houve uma insistência geral para contar a aventura da nova dentadura e Abelardo Ganancinha não se fez de rogado.

– Peguei a litorina e saltei em Corupá com o endereço na mão, fácil de encontrar, pois era muito conhecido e na viagem já fiz amizade com outros quatro que iam pro mesmo fim. Fui o terceiro. Tirou os meus cacos de dentes, fez uma limpeza com um liquido forte, ardido; tirou uma medidas com uma reguinha, escolheu um dentadura e a experimentou na minha boca. Mandou que eu apertasse para firmar. Firmei !

– Tá pronta – disse ele, o “Dr. Guesmmer, como era chamado. –Vamos fazer o teste : Diga com a boca bem fechada …..

– Deu-me a palavra e  pronunciei  para ver se estava firme :

FAROFA !

 

 

 

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