Bons amigos (Zabot)
BONS AMIGOS
Apareceu do nada
a pequena Maria Helena.
Olhar de anjo na escadaria.
– Boa tarde, Titio – foi largando
sem pestanejar.
Ao erguer os olhos,
ei-la deslumbrante
parecia voar.
Boneca nos braços,
traços de doce ninar.
Insiste:
– Titio aonde andavas
que acabas de chegar?
Nestes tempos de pandemia
confesso que ando triste,
mas não ouso expressar.
A grata surpresa, o gesto, a presença amiga
naquela hora do entardecer,
por Deus, que doce encanto!
Pergunto pelos seus pais…
Ela responde… são a minha
razão de viver.
E não vacila…
– Titio tenho um cachorrinho, o Totó,
que não dorme só.
Berço de marfim.
De manhã cedinho aranha a porta,
acorda a gente.
Primeiro papai e mamãe,
depois late na minha porta.
Totó é meu irmão!
Linda, declaro emocionado…
Deus te abençoe
por tê-la enviado a essa hora.
E lágrimas rolam…
Ela não percebe,
pois minhas lágrimas
pertencem a Nossa Senhora.
E nós despedimos
com a pureza dos campos de trigo.
Para sempre
seremos bons amigos.
Pois quem conforta na tristeza,
semeia a esperança…
E, certamente, nunca faltará pão
na sua mesa.
Joinville, 22 de setembro de 2020
Onévio Zabot