Cadê o jornal… (Zabot)

Prezado Alcides, poeta  amigo

Onde chegamos…

No fundo do poço,

sem calabouço.

 

Sem Nejar,

e nem mar.

 

E sem jornal.

 

Sem água.

tabua rasa

soçobrando na porta

de casa.

 

Crispim Mira dá voltas

ao léu.

Entristecido adormece

na praça.

 

E, ao acordar…

Cadê o jornal?

 

Cadê o jornal…

Aos uivos de cão

furioso.

 

– Sumiu o jornal,

responde leitor fenomenal…

Virou jacaré

na porta do arraial.

 

Cuide-se com ele…

É digital.

 

Não morde, dizem,

mas aprecia bacanal.

 

Ninguém sabe

porquê,

mas é um perigo,

pois ninguém lê.

 

Onévio Zabot

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