Como e por que me tornei escritora
Nasci numa família de professores. Meu pai, em certa época de sua vida, também foi professor. Minhas irmãs e duas professoras que hospedávamos em nossa casa, reuniam-se à noite na grande mesa da sala de jantar para fazerem seus planos de aula. Eunice era alfabetizadora. Preparava fichas com sílabas. Eu ficava junto. Foi fácil aprender a ler aos cinco anos.
Em 1942, com seis anos, entrei na escola onde minha irmã Ada era professora. Ela incentivava muito a leitura. Criou o jornal O Labor, escrito em folhas de papel almaço. Eu era uma das escritoras. Usávamos caneta com a pena molhada em tinteiro. Minhas redações sempre iam para o jornal.
Mais tarde no curso Normal Regional, do Grupo Escolar Conselheiro Mafra, tinha minhas histórias e redações expostas no mural.
Quando iniciei no Magistério fui alfabetizadora por nove anos. Os alunos, com idade entre seis e sete anos, voltavam do recreio onde corriam, jogavam bola, peteca, pulavam corda, vinham alvoroçados para a sala de aula. Para acalmá-los eu dizia: “1, 2, 3… Era uma vez…” e contava uma história. Eles ficavam quietos e atentos. Depois que esgotei as histórias que eu sabia, comecei a inventar. Eles gostavam e pediam: “Conta novamente!” Ao recontar a história, eu incluía outros elementos e eles diziam: “Não foi bem assim que a senhora contou ontem.”
Então passei a escrever as histórias. Em 1986 participei do concurso “Histórias para a Infância Catarinense”, promovido pelo Governo de Santa Catarina e fui classificada com a história Miguelito Pirulito. Foi meu primeiro livro distribuído nas creches e jardins de infância do Estado, numa coleção de 11 livros de diversos autores.
Mais tarde, tive os livros Cri-Cró e Retetéu publicados pela editora Eko de Blumenau.
Com a editora Movimento e Arte foi publicado Serelepe.
Tenho 76 histórias infantis publicadas pelo jornal “A Notícia” nos espaços: Ciranda das Letras, Anexo e AN Escola.
Participo com poesias e histórias da revista “A Ilha”, editada por Luiz Carlos Amorim, há mais de vinte anos.
Tornei-me escritora para levar até as crianças o entretenimento e a emoção que a fantasia apresenta, pois ela é uma eterna companheira do homem em todas as idades.
Segue o depoimento de um pai, cujo filho Pedro leu a história do Cri-Cró. Disse-me ele: “Uma manhã vimos um grilo verde em nosso jardim. Eu ia matá-lo, mas o Pedro bem depressa pediu: Não mate, papai! Pode ser o Cri-Cró!”
Cri-Cró é a história de um grilo que fez muito sucesso entre as crianças. Teve uma edição de seis mil exemplares.