Como ter fluência (Hilton Görresen)
COMO TER FLUÊNCIA
Hilton Görresen
Você gosta de dançar? Ou de praticar surfe? Pois é, ter fluência (eu disse fluência, não flatulência) é ter a habilidade de fazer o texto deslizar, como numa dança, ou como uma prancha sobre as ondas. Ao lê-lo, o leitor tem aquela sensação de que as palavras se encaixam umas nas outras, os sons se combinam como numa música, sem entraves, sem obstáculos.
Para conseguir isso, você terá de “apurar os ouvidos”, fazer uma leitura mental, e sentir se suas frases deslizam ou caminham pesadamente, dando freadas repentinas, esbarrando em vírgulas mal colocadas, em construções arrevesadas, em frases intercaladas. Em outras palavras, se elas “pisam no pé” do leitor.
As frases devem ter ritmo. Quando redige, você deve variar os passos como numa dança. Nada de ficar somente no “dois pra cá dois pra lá”. Experimente intercalar frases curtas e frases mais extensas (não tão extensas que não se possa fixar a informação). Tente segurar a ideia em uma ou duas frases (ou orações) curtas – como se estivesse represada num tanque – e depois abrir as comportas e deixá-la rolar, fluir numa frase extensa, sem qualquer obstáculo.
Algumas vezes, o que atrapalha a fluência é o choque de sons – como se o redator estivesse participando de um jogo de “quebra-línguas”, ou o término da frase de modo abrupto, inesperado.
Muitas vezes, vale a pena acrescentar um adjetivo para melhorar o ritmo da frase. O adjetivo, além de sua função prática de qualificar um termo ou limitar seu sentido, possui também uma função estilística.