De flores e gramados, de sol e borboletas (Milton Maciel)
DE FLORES E GRAMADOS, DE SOL E BORBOLETAS
MILTON MACIEL (*)
Meus pés passavam
mansamente num gramado
– Escandalosamente iluminado –
que explodia, tão feérico de Sol,
resplendente de verdíssima beleza.
Ali numa touceira, onde brotavam espontâneas,
centenas de flores, silvestres e pequenas, rebrilhavam.
E ao seu redor esvoaçavam as mais incríveis borboletas.
Deixei-me cair sentado à relva, ante a força majestática
com que Deus pinta, à nossa vista, seus mil quadros de beleza.
Ora, dirão muitos:
“Sol!
Relva!
Flores!
Borboletas!
Grande coisa!
Qual é a novidade?”
Ora, a novidade é que tudo ali é novo!
É novo o tempo todo, mutante sinfonia,
na qual o mesmo quadro jamais se reproduz.
Diferentes borboletas, voos outros, ballet alado.
Celeste pintura de matizes nacarados, cintilantes,
sobre o leito multicor de humildes flores perfumadas.
Como passar indiferente ante o fantástico ateliê da Natureza,
onde o Arquiteto Supremo brande, suave, seus pincéis esvoaçantes?
Não! Relva bendita, amado Sol, flores sagradas, luzidias borboletas:
Eu os bebo todos com meus olhos. E agradecido canto. E sou feliz!
Graças, Deus de flores e gramados, de Sol e borboletas!
(*) Do livro “Ah, o Amor!” – Milton Maciel, Academia de Letras e Artes de S.F. do Sul, 2015