Entre a terra e o céu

A folha em branco
suspira. Quer ao menos um risco
que a faça gemer.
O espectro virtual arranhou
sua teia interior.
Não quer morrer.
O lastro da vida ainda evoca
palavras e frases urdidas
em fios de matéria.
Não quer perdê-las.
No fundo do tempo guarda
a si mesma em ânforas de almíscar,
de sândalo, de ópio.
Detesta saber que podem tornar-se
irreais.
Do quase nada emerge o medo
e também a saudade
de quando supria o existir.
Que dor no limite de ser e não ser!
Suspira.
Precisa do amor
que atravessa o silêncio.

COMPARTILHE: