Escritores (Apolinário)

Joinville terá um sábado para a história. Teremos o Primeiro Encontro Catarinense de Escritores. O evento intelecto-literário acontece sob as bênçãos da Confraria das Letras, entidade sobre a presidência do honorável amigo David Gonçalves, ele mesmo talentoso senhor das letras, com grande obra publicada. Literária uma e técnica a segunda. Sempre viveu da palavra é um precursor e um exemplo de metodologia, perseverança e fé, acima de tudo. Por ele, selecionei o tema de hoje.

Bem acima de estrelas da televisão e do cinema, o escritor é um ser dotado de belas virtudes. Nada é maior do que o ego de um escritor. É tão grande e tão esplendorosa a sua grandeza, que não há escritor que não seja um incompreendido, um romântico, diziam antigamente. Escritores, tanto poetas quanto cronistas, morriam de melancolia. Cedo, ao redor dos trinta anos, adoeciam e morriam semanas depois. Quase sempre era pulmão, mas tinha muito de coração também.

Escritores são pessoas dotadas de energia acima da média, de forma que insistem onde quase ninguém seria capaz de começar. E insistem, por décadas. Enlouquecidos de esperança e sonho, atravessam os caminhos exibindo textos, anunciando romances, plantando poemas de bravia e invencível paixão. Maior que seus talentos, apenas seus próprios egos. Não há escritor modesto, ainda mais agora nos tempos modernos. Com a Internet e a cópia xerográfica, multiplicam-se os produtores literários com invencível velocidade. É fácil ingressar na categoria de escritor no Brasil.

Em tempos cibernéticos, tudo pode acontecer a qualquer momento. Veja os ‘50 tons de cinza’; Agora se multiplicaram em cinqüenta outros cinzas. Já há escritor especializado no cinza e no erotismo da mulher casada. Outra seara recomendável é o da literatura para jovens. Em semanas, se der certo, mocinhas se tornam celebridades. Saudadas nos meios oficiais como fenômenos da literatura mundial. É disso, aliás, que vivem os escritores: do reconhecimento mundial de suas obras. É o risco de que padecemos a vida inteira. Quase sempre sem conhecê-lo.

Pois em Joinville, sábado, os colegas estarão reunidos, no tal do Primeiro Encontro Catarinense de Escritores. Não sei, mas reuniões de escritores em Santa Catarina acontecem desde a fundação de São Francisco, pouco depois de 1600. O Instituto Histórico é de 1896, a Academia, de 1920. Esse pessoal nunca se reuniu não? Em confraria, talvez não. Está na hora! Salve David Gonçalves, Adauto Vieira, Alcides Buss, Jura Arruda, Joel Gehlen e tantos outros companheiros de destino. E de ego, também.

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Entendimentos prosseguem para a revitalização da Academia Joinvilense de Letras, fundada por Adolfo Schneider, em 1969.

–Apolinário Ternes – Artigo para quarta, 6-11-13