Fim de sonho (Milton Maciel)

 

FIM DE SONHO  

MILTON MACIEL

 

No lento obliterar dos velhos sonhos

Extinto o que de bom já houve neles,

O vê-los fenecer não mais assusta,

Mutados que já são em coisas reles.

Eis que o seu findar é a coisa justa,

A vestir a alegria em sons tristonhos.

 

Por que mirar com olhos de futuro…

Se é o próprio fim que surge do marasmo?

Ausente um só resquício de entusiasmo,

Oculta-se a esperança em vil mansarda:

E é o próprio final que não mais tarda,

Nada além do que o mesmo fardo duro.

 

(E se a lira do infausto tanto ousa,

dedique-se este texto a Cruz e Souza!)

 

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