Grãos de areia (Zabot)
GRÃOS DE AREIA
Esses grãos pequeninos,
oh, amargo destino!
Passo por eles, pés descaço.
Caço ventos peregrinos.
Esses grãos de areia,
Embora pequeninos
nunca foram meus,
e jamais serão teus.
Ora, grãos de areia!
mesmo que não percebas,
todos os grãos de areia
pertencem a Deus.
Em cada um deles
rescreve-se em digitais.
Expressa a leitura das horas
que não voltam nunca mais.
Pois, o tempo é imprevisível
para quem colhe gerânios,
até mesmo as sarças ardentes
se perdem com os anos.
Grãos de areia, receio
não os reencontrar por aqui,
pois grãos de areia silvam
às dunas onde há sambaquis.
Pequeninos, giram calados
assim como giram os sonhos
de quem vive do passado.
Meninos sapecas no povoado.
Onévio, dezembro, 2019