Os intocáveis (Adauto)
Os intocáveis
Carlos Adauto vieira = cadeira 30 da AJL
Assisti pela 4ª. Vez este filme. Muito bem feito! Salvo por um pequeno detalhe: quando era Conselheiro Federal da OAB-SC, em 1986, Mr. Cummings, Juiz Federal da Circunscrição de Chicago telefonou à nossa Imbatível Ordem, solicitando nome e endereço, inclusive telefone, de um advogado em Joinville, Santa Catarina que falasse Inglês. Mesmo sem o saber se falava ou não a Língua de Hemingway deram-lhe o meu endereço. Atendi ao seu chamado e me explicou em Inglês americano que precisava dos meus serviços para ver se conseguia mandar seu filho Kiffer de volta à casa, porque se divorciara da esposa, médica portuguesa em ginecologia em virtude alcoolismo. Disse-me que ele morava em Pirabeiraba e me deu a descrição da casa de enxaimel que fora adquirida pelo filho, a fim de a poder identificar sem problema. Embarquei no Dodge, dirigindo-me até Pirabeiraba e identifiquei a casa, uma das últimas (ainda existente) de enxaimel, tombada, evidentemente. Bati palmas ao portão e um jovem me atendeu. Era o caseiro, pois se tratava se uma pequena chácara. Disse-me que o patrão estava dormindo. Mas, assim mesmo, entrei na casa e o acordei, explicando-lhe, já em português, a que viera. Era evidente a marca de embriaguez recente. Tomamos um café, passado na hora com grãos da chacrinha (umas 4 ou cinco árvores de bom tamanho e lhe expliquei a que vinha. Concordou que estava na hora de voltar para casa. Divórcio, maus negócios (era corretor internacional de imóveis e viera vender uma área para a Cônsul que já havia adquirida outra. Disse-me que seu visto de permanência estava vencido o que nos obrigou a ir a Assunción para obter outro no consulado brasileiro. Fomos e voltamos e o embarquei para os Estados Unidos. Mr. Cummings me telefonou agradecendo e solicitando os meus honorários. Disse-lhe que nada devia, fora uma honra profissional. Pediu-me então que lhe dissesse qual presente poderia dar-me. Respondi-lhe uma cópia do voto do acórdão que tornou universal o que era uma constituição e uma suprema corte de John Marshall. Deu-me um bye bye de velhos amigos e desligou. Uma semana depois chegou ao nosso escritório, acompanhado do filho mais velho com uma caixa de papelão, que me entregou, após os cumprimentos de boas-vindas. Não era o voto, mas a edição comemorativa de dois séculos dos melhores julgamentos da Suprema Corte Norte Americana em 4 volumes. Não desejo provocar inveja a colegas, mas estão no Escritório em sua biblioteca, destinados, hoje à nossa 39ª. Subseção de que fui o criador e Presidente, pois fui aposentado pelos dois admiráveis filhos, hoje donos do Office. À noite, Stelinha e eu oferecemos um churrasco aos dois em nosso apartamento, havendo convidado Simone e seu marido Mário Sérgio Linzmeyer, bons na língua de Hemingway… Então, pedi ao Juiz que me explicasse como conseguiram condenar Capone. Disse-me que o propósito era, simplesmente, condená-lo por sonegação fiscal e o mandar para Alcatraz, ainda em funcionamento. Retirá-lo das atividades ilegais e da corrupção funcional. E que Eliot Ness, o combativo procurador, sentiu o júri (pelas leis processais americanos o juiz sentencia, mas um corpo de jurados é quem julga). Eliot desconfiou que Capone havia subordinado os jurados presentes e pediu ao juiz que os substituísse. Este recusou. Então, Eliot mostrou uma agenda e a sacudindo no ar disse ao magistrado que ela era do Al Capone e tinha o seu nome. Para provar a sua austeridade, mandou o oficial de justiça trocar os jurados por outro em sala de júri vizinha. Este detalhe foi omitido no colossal filme. Obs. Em Alcatraz, Capone quis ser o Chefão e foi assassinado a facadas pelo Chefe da facção existente.