Os sertões

OS SERTÕES

Por Alessandro José Machado

 

“O sertanejo é antes de tudo um forte.” Euclides da Cunha

 

O Forte de Euclides

Euclides um forte

De suas palavras não olvides

Denunciou do sertanejo a sorte.

 

República em alta

Exércitos em marcha

Monarquia caída da ribalta

Jagunços de ânimo de rocha

 

Neste tempo,

Suor, sangue e lágrimas,

Da leitura da obra ao vento

Restaram difíceis palavras:

 

Títeres pervagam

Farândulas surdem

Vezadas na mandria de ascetas.

Adrede lobrigam

Com sarjas à mostra.

 

O burel estoico

Do monge nada heroico

Tresdobrou o afã

Do povo truão.

 

A melopeia monótona

Entoada por andrajos sediosos

De palavras objurgatórias

A República que surgia azáfama.

 

O grimpar bélico

Sobre inermes colonos

Solertes no sopitar do Brasil.

 

O surgir taumaturgo

Na congérie do sertão

Fez usança avoenga

Trêfega no cambaio

Inguinante das vontades da República.

 

Estrídulas vozes

Do tabaréu em sedição

Superior às bátegas

Com fastígio irisado

No soslaio lúgubre

Do destino inexorável.

 

A acrópole

Sob acerbo esboroar

De canhões ronceiros

À ilharga do combate

Rugindo, estoiraz

No debuxo de Siqueira de Menezes.

 

Ambos os lados

Jamais pusilânimes

De pertinácia estoiraz

Heroísmo histórico

De uma guerra nada fugaz.

 

Ao final,

Guerreiros flébeis

Chafurdando em tremedal

Sem um Maudsley que explique

O Brasil gilvaz.

 

“Não iludirá a história o fanfarronear do vencido.” Euclides da Cunha

 

Poema inspirado em palavras extraídas da leitura do célebre clássico da literatura nacional, “Os Sertões”, de Euclides da Cunha.

Obra de valor indescritível, histórica, narrativa, rica e esclarecedora de um dos momentos mais críticos da vida militar e republicana do Brasil. Não tratar Canudos como uma guerra é um erro. Não tratar a obra como uma preciosidade é outro. As palavras de Euclides extraídas de sua obra expõem sua capacidade intelectual acima da média, de qual a leitura necessita de forma obrigatória o apenso de um dicionário.

 

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