Perguntas sobre Joinville (Simone Gehrke)

Perguntas sobre Joinville
Simone Gehrke

Quem melhor definiu o meu apreço por Joinville foi um escritor italiano. “De uma cidade”, disse Ítalo Calvino, “não aproveitamos as suas 7 ou 77 maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas”.

Fiz muitas delas quando cheguei por aqui e as respostas não estavam ao alcance de um clique.

– Por que Joinville recebia os visitantes com um moinho digno das lutas do Quixote, de Cervantes – e esta ainda é a imagem mais encontrada nas buscas sobre a cidade?
– Por que os príncipes, presenteados com um majestoso sobrado (hoje museu) não tiveram a elegância de fazer uma visita?
– Se Joinville tem sotaque germânico, por que recebeu um nome francês?

Joinville tem coisas estanhas a olhos forasteiros: concertos musicais realizados em frente ao cemitério histórico (espaço aberto à visitação); pessoas com costume de correr ao redor do batalhão de infantaria; um ‘rio’ que se chama ‘Cachoeira’, habitado por um jacaré, de nome Fritz, que foi alçado à personagem de histórias e nome de comércios.

Aliás, a cidade é um convite à gula: tem tantas padarias quanto farmácias. Quando vou a uma delas, sombrinha no braço, não sei se escolho uma cuca ou opto por um chineque.

Tem uma questão de Joinville que vou continuar sem entender: como a maior cidade catarinense não se tornou a capital do estado?

Dúvidas à parte, preciso confessar que Joinville desperta uma certa nostalgia. Isso acontece à noite, quando viajo no tempo com o apito do trem – às vezes acompanhado pelo insistente tilintar da chuva.

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