Poeta não sou (Zabot)
Poeta não sou
Poeta não sou
e jamais serei capaz de sê-lo,
pois este rio que passa por mim,
bem mais poeta do que eu
desenha aconchegos recorrentes.
Oh, amado rio,
ao vê-lo aos embalos
encilhando cavalos ao vento,
atenho-me às rédeas
do tempo.
Santa magia,
pois este rio é mais do que rio…
É pedra que medra…
É sorriso de criança
inocente.
E galopa, e como,
desde a nascente.
E, ao alçar-se o mar,
sossegado que é,
como toda a criança inocente,
– acena, acena
mansamente,
embora o turbilhão
de águas à frente.
Onévio, agosto, 23.