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Joinville já teve alguns bons restaurantes, de categoria. Desde os tempos do Mascote, do Wenck, com a família Landmann fazendo a música ambiente; do Colon, do Chico, da Lyra, do Bitsch, passando pelo primitivo Tannenhof,  na antiga casa de Inge Colin, até o La Belle Fourchette, que foi o mais sofisticado de todos, houve um sem-número deles.

Mas o joinvilense gosta, mesmo, é de uma boa churrascaria, simples, serviço com exagero.

Impossível resistir, não só à preferência joinvilense por assados comerciais ou domésticos, como aos bufês, aos fast foods, às pizzarias, aos Mcdonald’s, às recreativas, às praças de alimentação.

Houve um excelente restaurante, ali no começo da Doutor João Colin, defronte ao Stein, e no térreo do prédio dos Boehm/Klug. Pouco importa o seu nome. Foi tão famoso quanto temporário.

Seu proprietário, apelidado de Pombo, pela semelhança com a ave, era simpático, prestativo, bom cozinheiro. Aliás, uma marca de família.

Com bem aprontado marketing, lançou o estabelecimento, que se tornou coqueluche e grande sucesso, abarrotando-se, particularmente aos sábados e domingos.

No sábado, pela feijoada. No domingo, pelas massas.

Foi lá que aconteceu. Em domingo, com a casa apinhada, gente em fila à espera de mesa. A família, tendo conseguido lugar, sentou-se e ficou aguardando o garçom. Por se tratar de gente com certa importância na comunidade, o proprietário veio em pessoa para atendê-la.

– Que honra e que prazer! Que posso servir?

– Somos seus reféns. Viemos pela fama da cozinha e pelo atendimento.

– Massa e vinho. Fiquem à vontade, encarrego-me do pedido.

Nem demorou. Veio excelente vinho branco italiano para abrir apetite e matar a primeira sede (sempre há uma última), acompanhado de antipasti.

Em seguida, pasta. Macarrão a quatro queijos, em pequenas porções. Depois, lasanha de mignon. Vinho rosé. Logo, espaguete ao sugo. Vinho tinto. Por fim, bigule, uma especialidade de macarrão, grosso, feito à mão, com molho de queijo, tomate e sardinha em terrina separada.

Junto, sobre a pasta, uma enorme barata morta, encontrada quando os clientes se iam servir, misturando a massa com os temperos.

Foi um pavor paralisante.

O garçom se horrorizou ao ver o ortóptero onívoro, apontado pelo indicador do chefe da família. Chamou, discretamente, o proprietário, o qual ficou mais rubro do que se tivesse sido cozido na água do macarrão.

– Mil perdões. Isso é incrível! Impossível!

– De fato, disse o chefe da família: em macarrão feito à mão?

E se foi levantando.

– Um momento, posso servir outro prato?

 

 

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