REVERENDO FLETCHER

REVERENDO FLETCHER

Reverendo FLETCHER (*1823 +1901), 

James Cooley Fletcher foi um pastor presbiteriano norte-americano, nascido em 1823 e falecido em 1901. Atuou como missionário, diplomata e lobista no Brasil entre 1852 e 1869. Foi um dos primeiros viajantes que visitou a Colônia Dona Francisca – atual Joinville, em 1855.

As experiências e observações colhidas em suas viagens somadas às do pastor e missionário metodista Daniel Parish Kidder foram primeiramente publicadas com o título “O Brasil e os Brasileiros – Esboço Histórico e Descritivo”, uma apresentação pioneira do Brasil aos americanos em 1857, com pelo menos oito edições posteriores.

            Fletcher tornou-se conhecido especialmente pela autoria deste livro, principal referência a respeito do país nos Estados Unidos até então. É um autor muitas vezes citado, mas pouco compreendido, apesar de sua intensa atuação em terras brasileiras. Em reconhecimento, o Reverendo James Cooley Fletcher foi escolhido como Patrono da cadeira  no 15, ocupada pela Acadêmica-Fundadora Josephina Dalila Johann Nocchi, da Academia Joinvilense de Letras.

Fletcher nasceu em IndianápolisIndiana, EUA, filho do banqueiro Calvin Fletcher. Graduou-se na Universidade Brown, em ProvidenceRhode Island, em 1846, e cursou dois anos de Teologia em Princeton, sendo provavelmente aluno de Charles Hodge. Seus estudos foram concluídos na Europa com o objetivo de aperfeiçoar seu domínio da língua francesa, visando um dia tornar-se missionário no Haiti. Nesse período casou-se com uma filha de Henri Abraham César Malan, teólogo de Genebra. Retornou aos Estados Unidos em 1850, ano do nascimento de sua filha Julia Constance Fletcher.

Por algum motivo – talvez a simples oportunidade, o Haiti foi deixado de lado no ano seguinte, quando Fletcher embarcou para o Rio de Janeiro como agente da União Cristã Americana e Estrangeira e da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros, em uma missão que durou até 1854. A União Cristã Americana trabalhava com a Sociedade Bíblica Americana – da qual Fletcher também foi agente – e com a Sociedade Americana de Panfletos – American Tract Society, que o apoiou mais tarde.

Novamente no Brasil entre 1855 e 1856, desta vez como agente da União Americana de Escolas Dominicanas, quando viajou quase cinco mil quilômetros Brasil adentro distribuindo Bíblias, um dos objetivos daquela organização. Em 1862, a pedido do professor Louis Agassiz, o Pastor Fletcher navegou três mil e duzentos quilômetros pelo Amazonas, recolhendo espécimes para estudos dos peixes locais. O resultado desse trabalho foi a exploração de Agassiz em 1865.

Entre 1864 e 1865 Fletcher e o político liberal alagoano Aureliano Cândido Tavares Bastos estavam induzindo o governo brasileiro a estabelecer uma rota de navios a vapor entre o Rio de Janeiro e Nova Iorque, o que de fato conseguiram. Em 1868 e 1869 foi agente da American Tract Society.

Assim como as demais associações responsáveis pelas visitas de Fletcher ao Brasil, a ATS foi motivada por três fatores: os avivamentos religiosos, a rápida expansão norte-americana para o oeste e a desenfreada imigração para os nascentes dos Estados Unidos. O objetivo específico da ATS nesse momento era encontrar uma forma rápida e eficaz de evangelização, principalmente para o oeste americano, daí o uso de panfletos e folhetos contendo informações resumidas e de fácil assimilação.

O trabalho com a ATS foi a última viagem de Fletcher ao Brasil de que temos notícia. Após isso, foi encontrado como cônsul na cidade do Porto, Portugal, entre 1869 e 1873 e missionário em NápolesItália entre 1873 e 1877. Nesse ano retornou para sua cidade natal, Indianápolis, e ali fixou residência. Sua filha tornou-se moradora de Roma e ali desenvolveu uma profícua carreira como escritora sob o pseudônimo de “George Fleming”.

No Brasil, Fletcher fez amizade com muitos membros da alta sociedade, entre eles vários letrados e políticos liberais. Frequentou a mansão imperial de Dom Pedro II, de quem também se tornou amigo.  Atuou como secretário interino da legação norte-americana no Rio de Janeiro, e lá promoveu uma exposição industrial de produtos norte-americanos. Por intermédio de seu livro foi um propagandista dos valores protestantes e anglo-saxões como instrumentos para o progresso.

 

(Pesquisa e redação de Nelci Seibel)

 

Referências

 

CARVALHO, José Murilo, ““Perfis brasileiros – D. Pedro II”, Cia. das Letras, São Paulo, 2007, pg. 158  ISBN 9788535909692.

Fonte da imagem: https://s3-us-west-2.amazonaws.com/find-a-grave-prod/photos/2017/175/74228759_1498445155.jpg

Rosi, Bruno Gonçalves. Professor auxiliar no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e doutorando em Ciência Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/ UERJ – Rio de Janeiro/Brasil). e-mail: bruno_rosi@hotmail.com

Fonte da imagem: https://s3-us-west-2.amazonaws.com/find-a-grave-prod/photos/2017/175/74228759_1498445155.jpg

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