Travesseiro verde (Onévio Zabot)
TRAVESSEIRO VERDE
Minha solidão
não é a solidão do mundo.
E nunca será.
Mas viceja em mim
essa ave sombria.
Ora aparece à noite.
Ora durante dia.
Ave Maria…!
Mas quem diria,
tornou-se minha companheira.
Enquanto as velhas igrejas
recolhem o trigo nos campos ressurgentes,
minha solidão segue em frente.
Ora é lebre ligeira
desenhando florestas.
Ora é peixe veloz
saltitando nas corredeiras.
Depois, ó folha pequenina!
Acenas, apenas acenas aos ventos fagueiros.
E mansamente
vens repousar no meu travesseiro.
Onévio, 1 de junho, 2024