Um encontro fantástico

Rodrigo garantiu para a turma de amigos que tinha encontrado a Emília e tinha ido com ela ao Sítio do Picapau Amarelo. Geovana olhou pra ele com cara de quem não estava acreditando mas não falou nada.

– Isto é impossível, falou Edinho. Não pense que algum de nós vai acreditar. A Emília é invenção de um escritor. Como iria aparecer pra você?

– Eu no começo custei a crer, mas ela, vendo a minha desconfiança, disse:

– Não pense que sou um fantasma. Pode beliscar o meu braço. Nem sou mais de pano recheado com macela como a tia Nastácia me fez. Sou gente. E deixando conversa de lado, vamos, que o sítio é longe, longe, longe. Mas não se assuste que eu tenho aqui um pouquinho do pó de pirlimpimpim. Dá bem pra nós dois.

– No mesmo instante chegamos na porteira do sítio. Sabem quem estava lá? Dona Benta, Tia Nastácia, Narizinho, Pedrinho e o Visconde de Sabugosa.  Comendo uma grande abóbora lá no quintal, estava o Rabicó e mais adiante, num gramado bem verde, estava a vaca mocha. Fui apresentado a todos. Deram-me as boas-vindas com muita simpatia. Dona Benta foi logo convidando para entrar. Pediu que tia Nastácia fizesse seus famosos bolinhos e servisse o café. Realmente, não existe coisa mais gostosa! Comi tantos que perdi a conta.

– Nem me fale nos bolinhos de tia Nastácia, disse Rafaela com água na boca.

– Bem, continuou Rodrigo, assim que terminamos o café, Emília levou-me junto com Narizinho, Pedrinho e o Visconde para debaixo da jabuticabeira. Sentamos para conversar. As jabuticabas estavam verdes, mas a conversa foi longe. Quem mais falou foi a Emília.

Contou como aprendeu a falar tomando as pílulas do doutor Caramujo. Descreveu com detalhes o casamento de Narizinho com o Príncipe Escamado, do Reino das Águas Claras. Contou da viagem ao céu, da reforma da natureza e da chave do tamanho. Narizinho contou que já receberam lá no sítio a visita da Cinderela, da Branca de Neve, do Pequeno Polegar, do Chapeuzinho Vermelho e de uma infinidade de personagens das histórias da Carochinha.

Quando começou a escurecer, entramos para jantar e depois escutamos uma história contada por dona Benta. Passei vários dias no sítio e cada noite um deles contava uma história.

Numa manhã fui pescar com Pedrinho e ele me apresentou tio Barnabé, vizinho deles. Também conheci o Saci. Só não fui conhecer a Cuca porque fiquei com medo!

Diante de tantos detalhes, os amigos de Rodrigo, que tinham lido os livros de Monteiro Lobato, acreditaram nele. E como não iriam acreditar, se ele tinha consigo a célebre canastrinha de couro da Emília?

– Como você conseguiu a canastra, Rodrigo? perguntou Guilherme.

– Ah! É que Emília é tão danada que, quando viu minha mala de rodinhas já propôs a troca dizendo:

– Que malinha mais prática esta sua. Por favor, troque comigo porque o Visconde não dá mais conta de carregar minha canastra e esta belezura eu mesma carrego.

Dentro da canastra, aberta por Rodrigo, os amigos viram vários presentes que ganhou lá no sítio. Tinha até a receita dos bolinhos de tia Nastácia, mandada para sua mãe e um exemplar  do livro Memórias da Emília, com dedicatória!

A turma crivou Rodrigo de perguntas e ele foi respondendo, mas depois de certo tempo, já meio cansado falou:

– Olhem, pra saber mesmo tim-tim por tim-tim sobre os moradores do Sítio do Picapau Amarelo é só ler os livros de Monteiro Lobato. É melhor até do que encontrar a Emília!

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