Western qualquer

   Certa vez, li que a vida é aquilo que passa enquanto nos movimentamos entre um compromisso e outro. Por alguma razão, lembrei-me dessa frase em meio às minhas reflexões. O mundo moderno exige rapidez e, ao procurar acompanhá-lo, o ser humano perde em sensibilidade e profundidade, funciona no automático.

Charlie Chaplin afirmava que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, aconselhava que se cantasse, risse, chorasse, dançasse, enfim, vivesse antes que a peça terminasse sem quaisquer aplausos. Assim aconselhava porque percebia que muitas pessoas se contentavam em encenar uma peça enfadonha e triste, pensando no que fariam, no que seriam, no que poderiam, no que teriam. Participam não como protagonistas, mas como atores secundários na peça da própria vida.

Poucos são aqueles que tomam as rédeas da situação e, além de atores principais, resolvem ser diretores e roteiristas. Estes vivem a vida, não são vividos por ela. Permitem-se acertar, errar e mudar de opinião, mas sempre pelas próprias escolhas. Experimentam. Sorvem a vida em toda a sua plenitude, pois compreendem que, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive está morto.

Viver é para todos e não para alguns. Por isso, viva, não sobreviva apenas. Não esqueça que é “arte que imita a vida, ainda que algumas vezes pareça o contrário”. E se é assim, encene uma peça bonita.

Lembre-se de Chico Xavier, que ensinava que “embora não seja possível fazer um novo começo, é possível sempre fazer um novo fim”. Recorde-se do poeta que afirmava que as mais tristes palavras da língua são “poderia ter sido”.

Procure a felicidade. Não com os olhos, porque esses são cegos. Faça como o pequeno príncipe e busque com o coração. Comece rindo de si próprio e vai ver que o riso contagia os que estão à sua volta. As reações dos outros são ecos do que emitimos. Emita alegria e a receberá de volta.

Viva o presente. Isso não significa deixar os planos de lado, mas ter consciência da própria finitude. A previdência é uma virtude, mas o medo não. Não se esqueça de que coisas ruins acontecem com pessoas boas. Isso não é possível mudar. Pode-se mudar a reação diante das adversidades. Escolha um roteiro e não encene um drama, mas um enredo de ação e de esperança.

Finalmente, lembre-se de que “quando nasceu, os outros sorriram e você chorou. Viva a sua vida de modo que, quando você morrer, ocorra exatamente o oposto”. Use esse provérbio dos índios Sioux como guia e terá certeza de que sua historia terá sido muito melhor do que um western qualquer. Será merecedora de um Oscar.

 

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