Ziraldo

LOLA, a coleguinha de outros dias no AN CIDADE e que tornou o seu maridão um dos mais simpáticos, embora desconhecido, da Colônia, descrevendo a sua incrível viagem a Florianópolis, com ele, é claro, me trouxe de volta um episódio com o extraordinário Ziraldo.

Nos duros tempos de chumbo, colaborei com O PASQUIM contra a ditadura. E lá o conheci e este outro magnífico, que foi o Henfil, do qual guardo, com o máximo carinho, uma dedicatória muito pessoal e muito especial, no livro “Cartas à Mãe”.

Deste falarei noutra estória. Do Ziraldo, agora. Enquanto está quente a lembrança.

Em uma daquelas conversas de redação, no período em que esperávamos mais uma cadeia política, falei, para desanuviar, de Joinville. E, quando disse que ela tinha uma rua das Palmeiras (que já foi Alameda Bruestlein – mas não pegou e virou Boulevard das Palmeiras por sugestão do Juarez, também sem sucesso) com mais de uma dezena de Imperiais e Centenárias, ele me interrompeu para dizer que a sua cidade também tinha, numa praça, um colar delas, plantadas pelo próprio Imperador Pedro II, quando por lá passou. Aliás, o que fez em muitas cidades paulistas e mineiras. Entabulamos o papo e, ao final, quando nos despedimos – frustrados por não termos sido presos mais uma vez – prometi-lhe que iria conhecer a sua Caratinga um dia desses.

E fui. Com a família e mais dois amigos. Dormimos lá, no Hotel Leal, o único.

Na volta, escrevi-lhe uma carta e mandei fotos tiradas da praça sob as palmeiras imperiais. Queria provar-lhe haver cumprido a promessa. Para que ele, igualmente, como o fez, cumprisse a de vir a Joinville.

A resposta à minha carta veio pelas colunas do Pasquim. E me desancava. O aleive mais laite escrito foi de que nós éramos barrigas verdes de tanto sermos transados nos pastos.

Tudo porque ingenuamente, como a Lola, que quer saber se quem nasce na Penha é Penhasco, eu lhe perguntei:

– Quem nasce em Caratinga é catinguento ou caratingoso?

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