A Brasília amarela (Herculano)
A Brasília amarela
Em Massaranduba, em 1973 a produtividade da colheita do arroz ficou bem acima da média dos anos anteriores. E o valor pago pelos engenhos de beneficiamento seguiu pela mesma vereda.
Diante de tanta fartura, houve então uma verdadeira corrida em direção às agências de automóveis novinhos em folha.
Os poloneses, que dominam a cultura do arroz naquele munícipio, em sua esmagadora maioria optaram pelo Brasília.
Passadas algumas semanas, chegou o domingo da festa anual na igreja onde a polacada costumava se reunir.
Pelas 9 horas da manhã mais de 40 Brasilias, todas da cor amarela, ocupavam o pátio. Uma beleza de amarelão!
E a festa se estendeu até o final da tarde com muito churrasco, cerveja e cachaça.
Na hora de ir para casa, a porca torceu o rabo. Cheios de tragos, os polacos não se lembravam mais o ponto exato onde haviam estacioado a Brasília.
Com isso, enquanto que alguns iam de carro em carro até encontrar a porta certa para a chave, os demais desistiam e voltavam ao balcão do botequim.
Por conta disso a festa se arrastou noite adentro.
Três donos de Brasílias só desgrudaram do balcão quando amanheceu.
E saíram em direção aos carros dando risadas.
– Compadres, comentou um deles, a pressa é mesmo uma porcaria. Tivemos de sofrer no balcão a noite inteira, mas agora a pelo menos não vamos perder tempo. No máximo, cada um de nós terá de fazer só três tentativas para achar o carro certo.
Herculano Vicenzi