Ac. Alessandro leu “Correio Sul” de Saint Exupéry
Correio Sul, de Antoine de Saint Exupéry.
Antoine de Saint Exupéry ou Conde de Saint Exupéry, foi um escritor, ilustrador e piloto francês. Nasceu em Lyon, na França em 29 de junho de 1900 e faleceu em um acidente aéreo no Mar Mediterrâneo em 31 de julho de 1944, em plena 2ª Guerra Mundial.
Autor de diversas obras, sendo a mais tocante e famosa “O Pequeno Príncipe”, que embalou e embala gerações de crianças, adolescentes e adultos. Sempre atual.
A Obra em questão intitula-se “Correio Sul”. Este foi o primeiro romance do autor, sendo sua segunda obra, pois a primeira foi “O Aviador”, escrito em 1926.
Para descrever um pouco desta obra, temos que retroagir a Junho de 1921, quando em Rabat, capital de Marrocos (à época colônia francesa, tornando-se independente em 02 de março de 1956), onde fora mandado após iniciar seu serviço militar francês, obteve seu brevet de piloto civil. No ano posterior, já está nas fileiras da aviação militar, tendo em seu peito o brevet de piloto militar.
Em 1926 começa a fazer parte da Sociedade Latécoère de Aviação (Fundada em 1918), pertencente a um industrial do Sul da França, chamado Pierre Georges Latécoére, que depois deu vida a Aéropostale, companhia de correio aéreo francês.
Iniciado então sua carreira de piloto de linha aérea, sua missão era transporte de correspondências entre as cidades de Tolouse, Casablanca e Dacar. Em sua equipe haviam outros ases da aviação francesa, como Vacher, Mermoz e Guillaumet. Uma curiosidade, por conta de ter chefiado um posto no sul de Marrocos, chamado Cabo Juby, foi denominado de “senhor das areias” pelos Mouros. A chefia deste posto durou 18 meses, e foi exatamente nesse intervalo de tempo que escreveu Correio Sul e entre muitas ações de seu comando, negociou a libertação de pilotos que faziam aterrissagens forçadas ou caiam com seus aviões e eram detidos com as tribos Mouras.
Essas informações ajudam muito a entender o contexto do livro. Com exímia maestria nas descrições geográficas, humanas e sociais, narra a história do piloto de correio aéreo Jacques Bernis. Entre as aventuras de fazer navegações em grandes distâncias, quando ainda não havia as facilidades de internet e GPS, sobrevoando áreas hostis e sem recursos de apoio, são descritas as rotinas dos desbravadores do ar. Jacques Bernis vê-se envolto em um mar de dúvidas existenciais, sentindo-se muitas vezes oprimido pela difícil, cansativa e monótona luta diária de um piloto que faz pela primeira vez a rota que liga a Europa ao Sul da África.
Os dramas pessoais o fazem refletir e tiram sua concentração no trabalho, fazendo-o divagar durante o voo e por vezes não responder as chamadas de rádio, causando suspense em não saber se havia caído ou desaparecido, quando então de última hora lembra-se de fazer contato. Assim como a passagem em que em suas divagações, chega a não saber se sobrevoa o deserto ou suas memórias.
Seu estilo livre e original exige por vezes uma atenção a mais, a fim de entender o contexto.
Alessandro José Machado
Joinville, 2021.