Ac. Fiuza leu “Utopia”, de Thomas Morus

Thomas Morus – Utopia

Você gostaria de ler um livro escrito logo depois da descoberta do Brasil e que continua fazendo sucesso até hoje? Gostaria de ler um livro que descreve uma sociedade ideal, tal como Platão imaginara antes? Que serviu de base para as sociedades perfeitas imaginadas por vários escritores e filósofos? Um livro que foi escrito por um grande político e filósofo, que foi o principal ministro de um dos mais marcantes reis da Inglaterra, Henrique VIII? Um livro escrito por um santo, que morreu decapitado, a mando desse mesmo rei, por defender a Igreja? Gostaria de ler um livro cujo título é uma palavra ali inventada e que você usa sempre hoje em dia?

Você terá tudo isto no livro Utopia, escrito por Thomas Morus.

O Livro I é uma longa conversa sobre a situação e problemas da Inglaterra da época. A sociedade é injusta e o povo infeliz. Os juízes são carrascos e a justiça cruel. O povo empobrecido, trabalha sem parar para manter a realeza e o exército. A causa é a propriedade privada, que desiguala as pessoas. A desigualdade é crescente e os pobres não conseguem plantar ou se alimentar. Os famintos roubam e são, a seguir, executados. Na roda da conversa entre amigos estava o próprio autor Thomas Morus. Ali estava também Rafael Hitlodeu, um navegador português, que escuta tudo com atenção.

O Livro II é a história contada a seguir por Rafael, que relata suas aventuras pelo mundo e especialmente sua longa estadia em uma ilha, diferente de tudo que conhecera.

Utopia é o nome da ilha-país, desgarrada do continente, mas não tão longe. Lá uma população isolada há séculos acabou formando uma sociedade diferente, que foi se moldando até ficar como está hoje. Trata-se de uma sociedade definitivamente melhor, mais justa, próxima mesmo da perfeição. Quando os utopianos deram conta do que haviam construído, decidiram, viver isolados do resto do mundo.

Lá não há propriedade privada. Os bens são guardados em armazéns e são entregues segundo a necessidade de cada um. Cada pessoa pode escolher sua profissão, mas todos devem trabalhar na agricultura periodicamente. Tudo é planejado: urbanismo, arquitetura, trabalho, folga, defesa, casamentos, alimentação. Não há muita liberdade individual. As leis determinam o que se pode e o que não se pode fazer. Cada família possui dois escravos. Estes vêm de outro país, derrotado em guerra, ou são criminosos condenados.

Utopia é dirigida por um príncipe, que é eleito por representantes do povo. Seu cargo é vitalício, a não ser que se torne um tirano, quando é destituído. A crença e a religião são livres. As diversas religiões se reúnem em cultos ecumênicos. A intolerância e o fanatismo são punidos com o exílio.

A Utopia é um projeto que procura a harmonia, a felicidade e a ética. Não é o acúmulo. É tirar o máximo do mínimo.

O estilo de Thomas Morus é leve e elegante, o relato é muito interessante.

Na leitura de Utopia é impossível não se lembrar de tentativas semelhantes que se tornaram distópicos, como o marxismo-leninismo soviético.

Entretanto, voltando os olhos ao livro, não há como não suspirar: “que bom se desse certo!”.

Ronald Fiuza

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