Como e por que me tornei escritor

Sempre gostei de desenhar e, ainda garoto, já fazia histórias em quadrinhos por puro diletantismo… Criando heróis como Capitão Audaz, Texas King e outros, caprichando nos enredos.

A vontade de escrever começou cedo, lá por 1950 aos 17 anos de idade e aproveitando os finais de semana, pois naquele tempo, em Joinville, o meu dia era para trabalhar e pagar estudos de contabilidade à noite.

Enquanto trabalhava, fiz um curso de desenho artístico e comercial por correspondência – Instituto Universal Brasileiro – onde aprendi anatomia para as artes plásticas e disciplina para os anúncios comerciais.

Em 1952 fui buscar novos caminhos em Curitiba, onde aquele curso de desenho muito me ajudou, deixando de lado alguns meses trabalhando como Técnico em Contabilidade e passando a ser vitrinista, dando início a minha carreira publicitária.

Foram dez anos me aperfeiçoando em propaganda nas empresas Âncora Comercial e Madison, procurando sempre criar bons anúncios escritos e desenhados, até ser convidado a voltar a Joinville, em 1962, para gerenciar a área de propaganda e marketing da Indústria de Refrigeração Consul S.A. – atual Whirlpool S.A.

Já no primeiro ano eu lançava o Informativo Consul mensal, no qual a parte redacional era muito exigida, despertando-me para a vontade de escrever, de contar, de transmitir ideias, de falar com pessoas através de textos bem elaborados.

Para tanto… Importante era ler! Romances de Morris West, Sidney Sheldon, Agatha Christie, Jorge Amado… E sentia dentro de mim o desafio de escrever também um romance.

Anos e anos trabalhando numa empresa e desenvolvendo tecnologia, me levou a pensar: O que aconteceria ao fechar os olhos e só abri-los após 25 anos?

O avanço do design, da moda, dos transportes, da informática, da comunicação… Suficientes para deixar um personagem incrédulo. Era a história que eu queria escrever.

O herói da história seria mantido em criogenia e acordaria 25 anos depois. O que ele ganharia? O que perderia? A história precisava de ingredientes e temperos certos como amor, ódio, suspeita… Depois de desenvolver o enredo e criar personagens, cheguei a 110 páginas. Li e reli. Era muita ficção, muita fantasia. Criogenia e voltar a viver? Bobagem… E as 110 páginas foram parar num velho baú de minha avó e lá dormiram por seis longos anos.

Um dia, ao procurar uma foto antiga, abri o baú e vi aquele fardo amarrado de papéis. Ali mesmo, sentado no chão ao lado do baú, voltei a ler o que eu havia escrito.

– Você é um idiota – disse para mim mesmo – A história é boa e só está faltando o tempero certo. Por que não termina o que começou?

E a criogenia foi substituída por… Leiam o livro!

Surgiram novos personagens e o número de páginas passou de 110 para mais de quatrocentas. Depois do livro pronto, assisti ao filme “Eternamente Jovem” com Mel Gibson. A história de alguém colocado numa urna de criogenia e que acorda vinte anos depois.

Eu não estava totalmente errado… Aprendi que era preciso acreditar e lutar para vencer!

Como escritor tardio, em 1997, aos 64 anos de idade, lancei meu primeiro livro “A Máscara de Capelle” e não mais parei de escrever.

Um livro a cada ano, num total de 17 livros, entre romances, juvenis, poesia e importantes biografias.

 

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