Discurso da Ac. Sueli Brandão ao receber a Medalha Juarez Machado – Programa Joinville Faz Bem, da NSC TV

 

Discurso de Sueli Brandão ao receber a Medalha Juarez Machado , no Programa Joinville Faz Bem, da NSC TV

 

Caras amigas e caros amigos

Quando me convidaram para esta reunião, fiquei pensando na chegada  a Joinville daquela professorinha mineira, disposta a trabalhar, e, dando aula, retribuir a acolhida aqui e contribuir com o avanço da cidade. E além de  dois bons joinvilenses, filhos nascidos aqui, procurei oferecer a Joinville muitos anos de magistério.

Mas, isso me parecia muito pouco. E, mais adiante, depois de muito procurar, imaginei trazer para nossa cidade uma experiência de que tinha participado em várias cidades brasileiras, uma experiência que, em qualquer circunstância e mesmo em qualquer situação, só poderia engrandecer e fortalecer Joinville. Uma experiência que pudesse servir e unir a todos, apostar no crescimento e na alegria de todos, independentemente da condição social e da idade dos joinvilenses.

Foi quando decidi propor à cidade e a suas autoridades, em 2004, o que seria a Feira do Livro de Joinville, proposta imediatamente abraçada por todos. E esse abraço dura até agora! E suponho que vocês miraram na Feira, ao me fazerem esta homenagem.

E, com a maior franqueza, confesso que, se a Feira do Livro abriu horizontes para a cidade, ela mudou por completo a minha vida – seja no meu trabalho (agora, insano, e inadiável, sempre), seja na percepção da cidade e das pessoas, seja  na capacidade de ouvir, acolher, buscar soluções, diariamente. E, com todas as dificuldades, com todos os percalços, de todas as dimensões, com todas as preocupações e ansiedades, sinto que, hoje, sou ou tento ser melhor do que era em 2004.

E é exatamente isso que imagino acontecer com os joinvilenses – crianças, jovens ou adultos – que mergulham na arte, especialmente na literatura – missão sempre perseguida pela Feira: contribuir com as pessoas e com as instituições no entendimento de que o importante não é só o que se lê, mas o ato de verdadeiramente ler, a atitude de se envolver com o que se lê, a ponto de entender-se no mundo e buscar sua função nele.

Para isso, a Feira trouxe a Joinville, ao longo desses anos, grandes nomes da literatura brasileira, de A a Z – literalmente, de Ana Maria Machado a Ziraldo, este que, por duas vezes, fez brilhar os olhos das crianças e dos marmanjos que puderam ouvi-lo. E a Ana Maria, de novo, estará conosco em junho.

E não eram (não são) apenas filas para autógrafos , não eram ( e não são) bate-papos inconsequentes com os autores:  eram encontros para também refletir, ponderar, questionar, vislumbrar outras formas de ver  e viver o mundo!

E isso tudo não se consegue sozinho. Por isso, insisto a cada elogio que a Feira do Livro recebe: este bem que pensei, lá  atrás, para a cidade e que, ano a ano, apesar de qualquer intempérie, faço questão de garantir a Joinville, é, na verdade, uma ação de muitos, de muitíssimas pessoas e organismos que ajudam na sua concretização, e é, também e sobretudo, da população,  que percebe a grandeza do que nem podemos chamar de “evento”.  Na verdade, sabemos que a palavra, especialmente a literária, é um bem durável, cuja força não é “eventual”: ela é capaz de superar todas as barreiras do tempo, do desconhecimento e dos preconceitos. Ela germina, com calma, e sempre, acertos e mudanças.

Assim, digo-lhes que recebo esta homenagem com a humildade de quem sabe de suas limitações e está convicta que apenas uma boa ideia  vale pouco,  se não é validada,  pela adesão, pela comunhão de propósitos  e pela ação conjunta da maioria.

Recebo esta homenagem, com muita alegria, sim, certa de que, de algum modo, a Feira do Livro, que, num dia feliz, imaginei para Joinville, confirma o que cantou, certa vez, o grande poeta português Fernando Pessoa, a quem peço licença, e a vocês, para modificar ligeiramente seus versos, embora os dele caibam, também, e muito bem, aqui.

Ele poetou: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.

Com vocês,  só  posso confirmar: Tudo vale a pena quando  a causa não é pequena.

Com meu melhor agradecimento, abraço a cada um de vocês.

Sueli Brandão

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