Else ( Marinaldo)

TEXTO-PRESENTE para ELSE SANT’ANNA BRUM

 

Literalmente, ela foi retirada de um livro. Foi o que Dona Else me falou numa manhã dessas sobre o surgimento do seu nome. O livro, um grosso exemplar de capa vermelha, que ela mesma mandou encadernar em 2006, foi um presente que passou para ela depois da morte de seu pai, em 1964. Porém, é um livro com mais de noventa anos! Um livro que conta a saga de uma família alemã, provavelmente luterana, chamada de Schönberg- Cotta. Escrito por Mrs. Rundle Charles, traz crônicas escritas por vários integrantes dessa gente. Gente que andava com Martinho Lutero, gente que foi para o convento, gente que viveu primórdios de uma nova religião, gente intrigante, fascinante, gente forte! Forte! Exatamente um dos significados da tradução do grego, Else = árvore forte. Forte porque fala de uma árvore que sobrevive a todas as estações. Forte, porque representa as tradições que cria quem em tantas tradições se enfia…

Gosto dos três pontos. Essas reticências cabem para que alguém preencha suas lacunas, mesmo com críticas. Ao contrário delas, as reticências, eu tento não vacilar. Tento avançar naquilo que mergulho, tento adentrar na obra, me revirar no entulho, tentar achar-me no escape, abraçar a oportunidade antes de ser oportunista. Escrevo isso para compartilhar o estranhamento de me meter na vida dessas pessoas ilustres que são vocês, antevendo coisas que nem existem, mas que persistem a me instigar, quando sentadinho na cadeira durante as reuniões, observando toda uma tradição, eu me pergunte: que tipo de emoção essas pessoas já sentiram?

Ouso pensar que Else Brum Sant”anna, árvore forte, santificada pela graça da tradução de seu nome advindo de Hanna, é uma dessas pessoas que nem existem nos livros, que jamais foram citadas, e que temos a honra de conhecer para entender que ela é de verdade. Professora de coisas tão pueris, autora de histórias infantis, ela vai professando, com seus cabelos brancos, o quanto podemos ser santos, e sem hipérbole alguma. Não santos que são consagrados, mas o quanto podemos ser lembrados como aquele que sorriu, aquela que de ti lembrou, aquele que nunca partiu, aquela que saudade deixou, aquele que te fez crescer, aquela que nunca te diminuiu, aquele que te fez aprender, aquela que nunca desistiu, aquele que contou histórias pra você nascer, aquela que escreveu histórias para história ser…

Dona Else, escritora de tantos contos infantis, faz toda essa santidade mostrar-se capacidade em sermos bons sendo apenas humanos. Seus textos são pra alegrar todos os anos, todas as idades! É como voltar ao passado, lendo a cartilha Caminho Suave, encontrar com palavras que parecem ter vindo do passado, numa espaçonave! Lendo seu texto delicado, vi um catuto rolar para espantar um lobo malvado. Foi bem engraçado porque no meio da emoção estava eu replicando: Bão-ba-la-bão, Bão-ba-la-bão, Bão-ba-la-bão. Depois veio o grilinho que de Cri-Cri fazia Cri-Cró. Na Coragem de Petico, lendo O Chapéu Mágico, vendo Uma Margarida Lilás, tomando O Café do Barnabé, me encontrando com A Bola Falante, e indo além, descobrindo que não somos ninguém sem a criança que nos mantém. Ao final da pesquisa, buscando cumprir essa promessa em escrever sobre meus conhecidos-desconhecidos, encontrei a própria, a PROMESSA, poesia escrita por esta ÁRVORE, que é mais que uma só, é uma FLORESTA!

Ah, antes do fim quero sinalizar que não teria sentido, após a exposição deste poema ELSIANO, eu finalizar com palavra minha, por isso, eu me transformo, em homenagem à minha amiga Else, numa conhecida boneca de pano:

Senhores e Senhoras, futuros historiadores, gente curiosa, poetas e filósofos que vivem a compor ideias. Eu vou apresentar nesta deixa, vinda de uma colmeia, uma rainha que não é abelha e que mora numa espécie de céu que foge a todas as espécies de céu que já antevimos. Falo da Rainha Else, que escreveu o poema Promessa. Ah, por favor! Escutem ao som de violinos! AH, não desistam! Está na próxima página!

PROMESSA

Eu vou buscar o sol

E tendo-o comigo,

Caminharei contigo

E a tua estrada encherei de luz.

Não tenhas medo

A noite será clara

Porque da mesma forma

Buscarei a lua

E então caminharás no brilho do luar! Quero que sintas no calor do sol

Minha ternura imensa;

Na luz suave e doce do luar

O meu carinho;

E, a cada passo hás de encontrar estrelas

Marcando meu amor em teu caminho!

Acadêmica Else Sant’Anna Brum

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