Herculano Vicenzi (Zabot)

HERCULANO VICENZI

 

Vai-se o guerreiro, fica a lenda. Herculano Vicenzi, personagem único. Singular. Um gigante do jornalismo joinvilense, todos reconhecem. Como diria Boldrin, partiu antes do combinado. Partiu, porém de alma lavada, pois em vida combateu o bom combate.
Matérias memoráveis sobre o interior joinvilense e de Santa Catarina. Muitas delas publicadas em livros como: 1) Alma Verde; 2) Casos e Causos; 2) Memórias de Bateias; 3) Fundação 25 de Julho – 30 anos a serviço da comunidade rural; 4) Sonhos Rasgados; 5) Imperial Estrada da Serra Dona Francisca; 6) Rodovia do Arroz – um Marco de Nossa História; 7) Saga da Família Macoppi; 8) Legislativo Joinvilense; 9) Taió Vargense, entre outras. E uma póstuma por publicar: No Tempo das Lamparinas.

Herculano, visionário que era, antecipou-se. Sem falsa modéstia, pode ser considerado o pai do turismo rural em Santa Catarina e no Brasil. O tempo fará justiça ao ilustre arauto campesino.
De estilo leve. Conciso. Circunspecto. Impecável. Antes de publicar lia em voa alta o texto. Ajustava. Corrigia. Pente fino. Ouvido de mercador.

A ousadia evoca Graciliano Ramos, um dos maiores escritores da língua portuguesa. Preciso na sintaxe. Graciliano, bem antes do computador, era detalhista. Papel, lápis e borracha. Corta aqui. Acrescenta ali. Ajusta acolá. Assim vieram à luz clássicos como: Vidas Secas, Insônia, Cangaços, Memórias do Cárcere, Caetés e São Bernardo, entre outras preciosidades do eminente filho de Palmeira dos Índios.

Essa tinhosidade de Herculano, segundo Apolinário Ternes, uma excentricidade, deu-lhe dimensão própria. Ou seja: Herculano é Herculano. É único. Incomparável portanto.
Herculano apreciava, sobretudo, a presença de fotógrafos ilustrando as matérias. Segundo ele, sem foto – e não apenas retrato -, perdia-se a essência da reportagem: visual de personagens e paisagens. E de paragens.

Daí, muitas dessas reportagens serem encontradas emolduradas tal a repercussão. Família Max Moppi, em Pirabeiraba, por exemplo. E tantas, tantas outras. Pereira, Macoppi, Dalfovo, Rech, Holz, Bilau, Harger e por aí afora.

Intenso, acompanhou a evolução da lavoura arrozeira, introdução de novos cultivares; a piscicultura; a banana; a floricultura; as palmáceas. Mas, sobretudo o surgimento do turismo rural como alavanca de emprego e renda, e de entretimento. Nova mina de ouro.

Homenageado pela Associação Joinvilense de Turismo Rural(AJETUR) em 2023 com o troféu Mário Avancini – foi taxativo:
– Dilson Bruske e Tercílio Bilau, a eles devemos o protagonismo do turismo rural em Joinville. O Rodeio Crioulo de Tito Harger de lances incomparáveis, idos de 1970; e a Estrada Bonita, idos de 1990, turismo na agricultura familiar.

Quanto ao turismo náutico, marcou presença. Balneário de Barra do Sul. Ilhas costeiras. Matéria de grande repercussão. Roteiro de pesca marinha.

Dotado de um senso de humor refinado, perspicaz observador de personagens e de tiradas apimentadas, Herculano deixa um legado único. Saudades.

Joinville, 9 de janeiro de 2024

Onévio Zabot
Engenheiro Agrônomo

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