? “Os primeiros tempos da Colonia Dona Francisca” de Raquel S. Thiago
OS PRIMEIROS TEMPOS NA COLONIA DONA FRANCISCA
Dona Francisca, 24 de agosto de 1852
Imaginando que gostarão de saber um pouco do meu destino, tomo a liberdade de dizer-lhes que fui expedido para Dona Francisca à custa do Rei Frederico Guilherme, ou melhor dizendo, fui deportado. – Parti a bordo do navio Neptun, Capitão Toosby, em outubro do ano passado, saindo de Altona. No dia 12 de dezembro do mesmo ano, depois de uma viagem especialmente feliz, adentramos o rio São Francisco, cheio de esperança e planos grandiosos. Naquele momento, todos os relatos fantasiosos sobre regiões encantadoras e sua fertilidade, de maravilhoso clima tipicamente italiano pareceram-me pálidas e sem graça.
Depois de uma viagem marítima de oito semanas, até a charneca de Lünerburg, pareceria aos olhos de qualquer pessoa um pasto encantador, quanto mais deve ser o caso aqui, onde nos encanta o coração uma natureza grandiosa, exuberante, de vegetação nunca vista, ostentando o verde mais escuro, sobre o qual, em céu profundamente azul, sem nuvens, o sol brilhante lança longos raios mágicos.
Asseguro-lhes, a mais audaciosa expectativa eleva-se consideravelmente sob essa impressão, e cada um dos passageiros agradecia a sorte e os cuidados do Sr. Schroeder, que contribuiu para que fosse possível ter tantas maravilhas. Após uma rápida viagem pelo rio, divisamos a cidadezinha de São Francisco, e o Neptun lançou âncoras diante dela. São Francisco parece uma praça de mercado caiada de branco. O entorno é encantador, as colinas, em cujas encostas, bem junto a praia está localizada a cidade, estão cobertas de densa vegetação que, justamente naquela época estava em plena floração. É fácil imaginar como as casa brancas, nesse fundo vermelho, ficam ainda mais brancas e convidativas.
Capitão Toosby, homem extremamente honesto e gentil fez com que fossem levados à terra todos os passageiros que os desejassem, inclusive minha humilde pessoa. Aqui, constatei mais uma vez que não são apenas as telas a óleo que devem ser admiradas de certa distância, a cidade de São Francisco tem a mesma particularidade.
Os moradores, entretanto, eram muito agradáveis e simpáticos, e de todas as casas vinham crianças que nos entregavam flores, em sinal de boas-vindas. Com alguns amigos fiz um passeio pelas redondezas de São Francisco; vimos muitas coisas que nos eram desconhecidas e estranhas; vimos jardins malcuidados e cheios de mato, ananases selvagens com frutos ainda verdes, compridos como sapatos, cães magros, de pernas compridas e focinhos pontudos, com o rabo entre as pernas, cavalos e burros de aspecto deplorável – em um pasto um açougueiro descarnava um touro de Corritiba sobre a relva, e diversas senhoras de cor levavam dali o conteúdo das vísceras em cestos que carregavam sobre a cabeça – Tudo de acordo com o costume da terra e extremamente idílico.
Foi passageiro do Neptun que chegara à Colônia Dona Francisca em 12/12/1851. A indignação do missivista revela o clima reinante na colônia demarcando o início dos conflitos que, como verão nos textos seguintes, promoverão o início da organização social e política da Colônia Dona Francisca.
(…) Quando, ao anoitecer, voltamos ao navio, cansados e certamente com impressões bem menos edificantes que as que tiveram os emissários enviados por Moisés à terra prometida, encontramos ali alguns colonos de Dona Francisca cujos relatos sobre a Colônia tinham provocado grande consternação – Nada de plantações nem criação de gado, prazeres da caça ou pesca – chuvas quase diárias, clima úmido e insalubre – diversas doenças, diarreia, febre nervosa e traumática – grande mortalidade – pés inflamados, bicho-do-pé, mosquitos – má administração, inexistência de hospital, igreja, escola, caminhos transitáveis – e o que é pior, nenhuma possibilidade de um dia sair deste pandemônio de todas as misérias humanas. Deus do céu! A descrição era de arrepiara os cabelos de qualquer pessoa.
Após o desembarque na Colônia – que, diga-se de passagem, foi bem difícil, pois a canoa na qual tomei lugar com minha bagagem levou 24 horas para chegar ao destino, constatou-se que realmente a maior parte do que se ouve dizer contra a Colônia correspondia à verdade, embora não parecesse tão terrível devendo-se a isso intenso ódio que a Direção conseguiu angariar aqui. Pouco antes de chegarmos aqui havia grassado na Colônia uma epidemia de disenteria que fez muitas vítimas. A maioria morreu por falta de assistência e dois infelizes, Fabel e seu filho, morreram, como todos dizem, de fome. A direção não tomou nenhuma providência, mesmo tendo conhecimento da situação. Até hoje falta um hospital na colônia, mesmo que sentimentos humanitários e o contrato com o Príncipe de Joinville certamente exigissem.
Esses acontecimentos tinham causado muita irritação e o ânimo dos colonos estava exaltado. Nessa época a Direção tentou criar uma espécie de constituição comunitária – algo tipicamente patriarcal, lembrando o deserto (sic). O Diretor v. Frankenberg tratava os seus com o chicote, que ele brandia sobre sua cabeça como um enérgico pastor. Ele tratava as pessoas por “vocês” e creio que só por isso não atingia seu objetivo, pois, como todos sabem, nesse século esclarecido até mesmo os gansos querem ser tratados por “senhor”, e só aceitamos o “vocês” em histórias de cavaleiros. O magistrado de “Gellert”, com seu “bois, burros que todos vocês são, certamente não combinava com nosso tempo.
No lugarejo que leva o nome de Schandersort (N.T. na verdade Schoroedersort: o autor faz um trocadilho com “Shande” = vergonha) fiquei pouco tempo, pois a água aqui não é saudável, a maré enche o pequeno riacho, o denominado navegável Rio Mathias poluindo-o, e as chamadas casas familiares, construídas pela Direção são, na verdade, barracões úmidos e infestados de toda a sorte de insetos, onde a pousada se torna insuportável e todos procuram sair dali o mais rápido possível. Por isso mudei logo para a mata virgem, onde comprei 20 morgos a crédito. Fazia parte de um grupo de cinco jovens, e sem demora começamos a construir, dentro da maior harmonia, uma cabana coletiva, de palmeiras, parecia ali levar uma vida tranquila, solitária, piedosa e contemplativa.
Começamos nosso trabalho e, assim como após a overture vem o drama: sob quentes raios solares, ruidosos trovões, alternando com adágios de uma chuva serena que caía suavemente durante semanas a fio – era muito parecida com a famosa [sinfonia] de Hadyn, na medida em que cada um de nós, um após outro, foi apagando sua vela e saindo com seu instrumento [o missivista refere-se aqui à Sinfonia do Adeus, nº45].
Nota de rodapé – Entre os músicos do Príncipe Esterháza, a cujo serviço se encontrava Haydn, havia jovens recém-casados que, durante o verão, enquanto durava a festa do Príncipe, eram obrigados a deixar suas mulheres em Eisenstadt. Tendo o Príncipe decidido prolongar sua permanência em Esterháza algumas semanas a mais, os jovens maridos, consternados, dirigiram-se a Haydn pedindo-lhe que fizesse algo para mudar a situação. Haydn teve a ideia de compor uma sinfonia durante a qual os instrumentos iam se calando um após outro. Essa sinfonia foi executada na presença do Príncipe. Haydn recomendou aos músicos que, logo que acabassem de tocar sua parte, apagassem a vela e saíssem com o instrumento debaixo do braço. O Príncipe e todos os presentes compreenderam imediatamente e no dia seguinte foi dada a ordem de partida de Esterháza. (Fonte: Enciclopédia Salvat de Grandes Compositores, v.1, p.246) N.T.
Um após outro, fomos adoecendo; fui o último e estive de cama de 24 de janeiro até o mês de maio, gravemente doente, com uma disenteria negra com e suas consequências ainda mais negras. Quando levantei do meu leito de sofrimento, vi que tinha se passado meio ano, eu havia recuperado minha saúde e em contrapartida ganho uma dívida de quase oitenta mil réis e uma careca. Tinha escapado por pouco, como se diz, unicamente aos devotados cuidados do colono Barão v.- Goetzen, que cuidou de mim e me acolheu, um estranho, em sua cabana, devo ao fato de não ter terminado meus dias na mata virgem, qual animal ferido de morte. A ele e ao Dr. Krebs, o qual, certamente, por suas medidas enérgicas, conseguiu desviar de mim a terrível doença, meu profundo agradecimento! Nos primeiros dias de junho alguns colonos que gozavam da confiança geral reuniram-se e decidiram fundar uma Associação, após a Direção ter feito mais de uma tentativa inútil nesse sentido. No dia 20 de junho formou-se realmente a “Sociedade Dona Francisca”, com Conselho Comunal, juiz de paz e secretário, presenteando-se com uma Lei Fundamental bastante liberal, segundo a qual a Direção era totalmente excluída do domínio absoluto sobre os colonos. Tudo ia muito bem, e os impostos já haviam sido aprovados e expedidos. Mas a maravilha não demorou muito tempo; a Direção, percebendo que a situação era séria, que a Sociedade se insurgia fortemente contra a opressão que ela, fraudando o contrato vinha exercendo, quando viu a criança a erguer-se nos próprios pés e exigia seus direitos, resolveu envidar todos os esforços para dissolver a união perigosa. Proveito próprio, lisonjas, todas as armas do mal com que se atiçam as paixões do coração humano, buscou-as em seu arsenal. Semeou, com sucesso, a discórdia entre os cinco conselheiros. Soube domesticar o presidente, um jovem honesto, tenho certeza, mas de caráter indeciso. O Sr. v.Frankenberg e o presidente W. tiveram uma reunião secreta em casa do representante do Príncipe de Joinville, Sr. Aubé, junto ao qual o Sr. W., ocupa pouco tempo num posto bastante rendoso. Elaboram ali uma mudança da Lei Fundamental, um total atentado contra a liberdade da Sociedade, e assinaram o documento. O Sr. W. passou então a sublevar cada um dos conselheiros no sentido da nova lei, conseguindo – visto que era fortemente apoiado pela Direção e seus satélites – convencer dois deles, os senhores W. e E. Tinha sido conquistada, pois, a maioria do Conselho para esboçar esse novo projeto de lei; mas a minoria, vendo nisso uma séria ofensa ao princípio fundamental da nova Sociedade, declarou publicamente que se retirava do Conselho, por não querer participar da traição proposta, acusando ao mesmo tempo o presidente W.
Na reunião popular de 22 deste mês o assunto veio à baila; a criatura e os parentes de bolso da Direção defendiam o Sr. W; a Sociedade retirou-se, a maioria cabisbaixa, e quando, por fim, o Pastor A. – que recentemente tinha colhido figos entre cardos isto é, recebido da direção o aumento de 200 mil réis – fez um discurso a respeito. Cerca de trinta homens declararam que o Sr. W. era inocente de todo. Mas isso não mudava a situação, o Conselho Comunal está desunido e a Sociedade novamente, por muito tempo, confusa. A Direção, que plantou essa sementeira, deve em breve colher os frutos.
Isto quanto à nossa pequena política. Os senhores depreenderão que atuam aqui em sua Alemanha em miniatura. Fazemos discursos inflamados, mas não agimos, latimos, mas não mordemos. Exaltamos a unanimidade, gostaríamos mesmo de andar de mãos dadas com o demônio, mas vivemos em querela com o vizinho e somos desunidos. Um poeta encontraria aqui o mesmo tema que Arndt [Ernz Moritz Arndt, 1769-1860, poeta-patriota alemão N.T.] na Alemanha que diz, em sua bela canção : “ Deus do céu, veja isto!”, e um grande estadista faria a mesma censura em seu vigoroso brinde, mesmo que este lhe trouxesse menos frutos do que seria o caso na velha Alemanha, em seu aconchego infantil.
Quanto às características dos negócios coloniais para o Brasil de 1849 [ provável alusão irônica à Sociedade Colonizadora de 1849 em Hamburgo N.T.] devo comunicar-lhes mais um fato. Nos últimos dias do mês passado, chegou aqui o navio Florentin, Capitão Lowfgreen, com passageiros de Hamburgo. Espalhou-se na Colônia um boato surdo de que a bordo do navio havia irrompido uma epidemia que fizera muitas vítimas. O conselho Comunal, que na época ainda atuava unido em prol do bem da Colônia, enviou imediatamente uma comissão ao navio para averiguar as causas desse desastre. Constatou-se que o navio estava superlotado, com 109 pessoas a mais! Já em Cuxhaven tinha se manifestado o sarampo, os doentes morreram sufocados por suas próprias exalações, 32 pessoas tinham morrido a bordo e outras 16, gravemente enfermas, foram trazidas à terra. O Florentin, quando navega para Nova Iorque, só pode embarcar 145 passageiros, para Dona Francisca o mesmo tinha embarcado 244. É possível que as autoridades policiais hamburguesas permitam tal abuso? Reinava aqui a maior consternação diante deste fato.
No que diz respeito à agricultura local, a mesma é bem mais fácil do que se pensa normalmente na Europa. Um morgo de mata, um pouco menor que um morgo de Magdeburg, custa, em pagamento à vista, 2 táleres prussianos, a crédito de 3 anos, 3 táleres prussianos em moeda corrente. A Direção deixou de lado muitos terrenos de reserva, os quais custam o dobro, e direciona, por motivos óbvios, os novos colonos tão longe quanto possível do centro; pois, como os caminhos estão abaixo de todo a crítica, absolutamente intransitáveis, só se podendo caminhar neles utilizando botas de água até os joelhos ou descalço, e o transporte de objetos e gêneros alimentícios é muito difícil e caro, cada um procura ficar perto do centro e prefere fazer consideráveis sacrifícios, desde que tenha meios para tanto, antes de instalar-se a três e mais horas de distância dentro da mata. Derrubar o mato de um morgo de terra, queimar a madeira e limpá-lo, custa de 13 a 15 mil réis (1 mil réis= 25 moedas de prata); revolver bem o mesmo, retirando as raízes e plantá-lo certamente custa outro tanto, de modo que todo o trabalho e gastos, um morgo ainda está longe de ter as mesmas condições de plantio que um acre alemão, nem mesmo um acre polonês, e custa quase tanto quanto esse.
Também a fertilidade não é tão excepcional quanto se tem afirmado nos relatos. Até agora não foi feita nenhuma colheita propriamente dita aqui, e todos os colonos viveram, até hoje, e o farão ainda por muito tempo, do próprio bolso. Os gêneros alimentícios são caros, 500g de pão (trigo) custam 4,5 vinténs ou 2 moedas de prata e d.(?), 500g de trigo 4,4 vinténs, 500g de farinha, trigo da raiz da mandioca, 3 vinténs, 500 g de toucinho 14 vinténs, 500g de carne seca 6 vinténs, 500 g de carne fresca de gado 4 vinténs, 500g de carne suína fresca 8 vinténs, 500g de açúcar 4,5 vinténs (açúcar amarelo), 500g de café 8 a 9 vinténs, 500g de tabaco de fumo 20 vinténs, 100 charutos 1 mil réis. É bom que se diga que o meio quilo aqui é mais leve que o hamburguês, mas não tenho conhecimento da relação. O salário diário para um bom trabalhador chega a 30, 40, em casos especiais a 50 vinténs – 1mil réis = 15, 20 até 25 moedas de prata. Por empreitada pode-se ganhar mais; carpinteiros, pedreiros, toda a sorte de profissionais do ramo de construção ganha por dia até dois mil réis. Entretanto, há um ano o salário foi especialmente achatado. A sociedade de Hamburgo angariou muitos trabalhadores, gente pobre, e mandou-os para cá, fechou com eles contratos embaraçosos, completamente contrários ao teor do contrato do Príncipe de Joinville, o proprietário dessas terras.
Além disso, a Direção trouxe trabalhadores brasileiros para fazer concorrência aos alemães, dá-lhes, mesmo em tudo a preferência. O imigrante recém-chegado, não habituado com a alimentação da região, ainda sente falta da comida da terra natal; sensível aos efeitos do clima, ao qual não está acostumado, é obrigado a gozar mais feriados do que lhe seria útil para seu progresso; desanimado e desesperançoso, não pode competir com aqueles. Aqui imigraram algumas pessoas de posses, compraram terras e tentaram lavrá-las; agora estão bastante empobrecidos, o dinheiro foi gasto, a terra não produz, queiram ou não, caem nas mãos da Direção; para viver, esquecem tudo, e, pedindo dinheiro emprestado, prescrevem sua alma, sua liberdade, sua honra mesmo, ao…[demônio]. Ao recebermos para leitura todos os maravilhosos relatos sobre a Colônia, que certamente não são lançados ao mundo sem alguma intenção, só podemos rir deles. O mais absurdo de todos os que me caíram nas mãos é sem dúvida aquele do Sr. Frankenberg, no qual afirma que aqui o húmus é muito forte, principalmente nos morros, que as pessoas estão encantadas com suas propriedades, que em um ano deve ser necessária, aqui, uma máquina descaroçadeira de algodão. Não há uma palavra de verdade em tudo isso. É paradoxal dizer que o húmus mais forte está nos morros. Não é verdade que as pessoas estejam encantadas com suas propriedades. Pode-se perguntar a todas as pessoas, uma após outra, e realmente não há cinco entre elas que não venderiam com prazer a terra que não lhes produziu nada, além de algumas poucas magras verduras, e deixaram a Colônia. Artesãos e comerciantes de gêneros alimentícios são os que conseguem chegar a algum progresso. Um bom ferreiro, que entenda de serralheria e de fazer espingardas e tenha algum capital, creio que faria aqui bons negócios; melhores ainda um bom curtidor, pois faltam peles a preços acessíveis, e há suficiente matéria-prima e cal (cal, 1 alqueire = 3/4/ Scheffel Pr. Grentio [?] – antiga medida agrária alemã) mas a condição primordial é que nenhum artesão venha sem suas ferramentas.
Todos aqueles que vêm para a Colônia devem trazer sapatos, muitos e de boa qualidade, camisas de algodão e lã, cobertores leves ou dois grossos cobertores de lã felpuda, utensílios de cozinha, ferramentas de lavoura de todos os tipos. Esses objetos são aqui tão necessários quanto caros. Muitos aqui já se arrependeram, nos meses frios, de não terem trazido seus cobertores. Mesmo que, como podem depreender deste resumido relato, não haja muita coisa favorável a dizer a respeito da Colônia, as chances de um futuro melhor não são desprezíveis. Certamente ela tomará um impulso melhor, principalmente quando a direção, por seu lado, cumprir mais conscienciosamente as estipulações do contrato firmado com o Príncipe de Joinville. Até agora, e isto pode ser dito com muita propriedade, a administração local mostrou-se muito unilateral e mercenária. O Diretor v.Fr. pode ser um bom soldado, não posso julgar, mas certamente não é nem de longe o mais qualificado para dirigir os primeiros passos de uma colonização. Não soube conquistar a confiança dos colonos, e esta situação sempre vai ser-lhe um estorvo.
N.T. Verificando a lista de imigrantes do Neptun, chegou-se à conclusão que o autor deste relato foi Carl August Ludwig Schetelig, emigrado quando tinha apenas 19 anos,solteiro, militar, chegou na Dona Francisca em 1851, deixando-a já em 1852. Além disso conforme suas próprias palavras, foi deportado pelo rei Frederico Guilherme provavelmente por ter se envolvido no movimento revolucionário de 1848. No mesmo navio chegaram outros militares, certamente pelo mesmo motivo.
Fonte – Os Pioneiros I – Documento e História – com textos e listas de imigrantes traduzidos do alemão por Maria Thereza Böbel (in memorian) e organizados em livro por Raquel S.Thiago.