Rodrigo Bornholdt (Marinaldo)

 

Texto-Presente para Rodrigo Bornholdt

 

Conheço pouco de Rodrigo, embora conheça muitos outros. Seu nome é presença forte, não teria como não ser, dada a sua origem e tudo o que significa. Conheço Rodrigo, de esbarrões. Ou de olhar pra cima, ao comparar sua altura com a minha. Descobri também pouco dele, embora deu pra se ter uma ideia. Não sei se a primeira parte de seu sobrenome tem a ver com o termo inglês, Born, mas achei bonito frisar isso para  refletirmos sobre essa força de ter o nascimento no nome.

Busquei conhecer Rodrigo algumas vezes, já lhe pedi apoio uma outra, acompanhei seu nome nos jornais quando era político – dizem que quem foi nunca deixa de sê-lo, enquanto outros dizem que todos somos e apenas não assumimos partidos -, descobri que é advogado, e que gosta de literatura como quem olha ao mar e não se cansa de olhar do horizonte, a linha. E foi nela, na literatura, que encontrei um pouco do muito de Rodrigo. Foi em suas revelações por meios de suas reflexões na pagina desta Academia que encontrei as influências de Rodrigo, as importâncias de Rodrigo, os bálsamos com que Rodrigo lava sua estrada entre as palavras recolhidas como quem revolve sementes no chão.

Nas citações de Rodrigo me deparei com um escritor olhando para o outro. Parafraseio, se assim posso dizer, em apud, Rodrigo olhando para Caio Fernando Abreu, e entendi que Rodrigo era tanto daquela junção de seres, no seu olhar apurado sobre a obra tão poética e tão urbana e tão vulgar e tão culta e tão filosófica e tão mesa de bar como os textos de Caio Fernando são. Enveredado pela poesia simbiótica dos dois, saí a procura de você Rodrigo, e encontrei você em algum lugar da sua casa, ou entre uma estação e outra de trem, ou mesmo dentro do teu escritório às margens da Orestes, pedindo para sua secretária pedir um minutinho para o próximo cliente, porque você queria saber o paradeiro de Dulce Veiga, depois de ter anotado o nome de Gregor Samsa, num pedaço de papel, porque queria rever alguma coisa dessa célebre figura que Caio Fernando tinha citado no seu livro cheio de sortilégios…

Rodrigo, doutor e garoto (assim espero que seja) te dou esse meu tempo de presente. O bem mais precioso, tirado para tentar levar um presente até você, numa expectativa de que encontre não uma fita, não um brinquedo, nem uma caixa vazia, mas, a saudação por você ser um constructo vivo das palavras mais importantes do mundo. E elas, só você sabe quais são na sua inteireza.

Marinaldo de Silva e Silva

 

Rodrigo Bornholdt

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