Rola catuto

Tia Etelvina contava muitas histórias para nós, dessas que nem existem nos livros, mas são contadas de pai para filho ou nesse caso de tia para sobrinhos.  E eu não posso deixar de contar adiante porque as histórias não podem morrer.

Era uma vez três crianças que moravam  perto de uma floresta. Gostavam muito de  brincar. Ana Luiza tinha oito anos, Beatriz tinha seis anos e Arthur apenas dois anos de idade. Não brincavam somente em casa. Eles iam de vez em quando na casa da madrinha de Ana Luiza que morava do outro lado da floresta. Dona Giuvana, a mãe, avisava cada vez que eles saíam:

– Cuidado! Voltem antes de escurecer porque dizem que à noite tem um lobo ali na floresta que ataca as pessoas.

As crianças sempre voltavam enquanto o sol ainda brilhava, mas um dia encontraram alguns amiguinhos lá na casa da madrinha e as brincadeiras se prolongaram. Quando Ana Luiza percebeu, já estava anoitecendo e ela falou para a madrinha:

– Tenho medo de ir com meus irmãos porque o lobo pode nos atacar.

A madrinha respondeu:

– Vão, e se virem algum perigo, voltem que eu dou um jeito.

As crianças foram e realmente, de longe avistaram dois grandes olhos que reluziam no escuro. Era o lobo! Voltaram o mais depressa que podiam levando o pequeno Arthur pela mão e contaram para a madrinha o que tinham visto.

Elas não sabiam, mas a madrinha tinha poderes de fada. Pediu que Ana Luiza e Beatriz fossem lá no quintal e colhessem o maior catuto que encontrassem.  Elas trouxeram.

Então, batendo no catuto com uma varinha que tirou de dentro de uma gaveta, Dona Giuvana fez com que ele ficasse bem grande. Bateu novamente e abriu-se uma portinhola. Disse então para os três:

– Entrem aí dentro e vão dizendo sem parar: “Rola catuto, rola catuto…”

Assim fizeram e o catuto saiu rolando, rolando e se foi embora. Ao chegarem à floresta o lobo que estava espiando viu aquela enorme  bola rolando e ouviu o barulhão das vozes das crianças que de fora ficava assim: Bão-ba-la-lão! Bão-ba-la-lão!

Não sabendo que bicho era aquele ficou com medo e saiu em disparada!

Ana Luíza, Beatriz e Arthur chegaram em casa sãos e salvos. Contaram para os pais o que tinha acontecido e juntos, abraçados, festejaram o livramento que tiveram por parte da madrinha.

– O melhor de tudo – dizia tia Etelvina encerrando a história – nunca mais nenhum lobo teve a coragem de enfrentar aquele bicho redondo que rolava roncando:

– Bão-ba-la-lão! Bão-ba-la-lão!

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