Um quase-sol (Milton Maciel)

 

UM QUASE-SOL 

MILTON MACIEL

 

Um quase-sol semidesmaia no horizonte,

Por trás de nuvens ralas, baixas, descabidas.

E um céu cinzento obscurece minha fronte,

Levando a doer, ainda mais, minhas feridas.

 

Em cada nuvem esboçada pelo vento,

Eu sempre acabo por prever sua figura.

Sou só saudade, só névoa, ressentimento,

Um triste amante a afundar-se em amargura.

 

No contraponto das esperanças perdidas,

Eu desespero e pressinto, em plena agrura,

Você inconstante, como as nuvens esbatidas.

 

No meu futuro vejo só agonia pura:

O sobressalto de suas voltas e partidas

E o insano amor que por você em mim perdura.

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