A Lenda dos Sinos de Natal (Else)

A Lenda dos Sinos de Natal

Por Else Sant’Anna Brum*

Quando eu era menina, papai contava muitas histórias para mim e meus irmãos. Certa vez, perto do Natal, ele nos contou uma linda história que eu nunca esqueci.

Numa linda cidade de um país muito distante havia uma igreja muito bonita. Esta igreja tinha uma torre, cujo topo só era visto em dias claros, tão alta era.

Corria a lenda que lá em cima havia sinos encantados que haveriam de tocar numa noite de Natal, no momento em que o mais precioso presente fosse trazido ao menino Jesus. Durante anos seguidos os habitantes daquela cidade levaram caros presentes, mas os sinos permaneciam calados.

Chegou uma vez em que o sacerdote pediu:

– Vamos fazer mais uma tentativa. Tragam seus presentes! Quem sabe este ano os sinos tocarão?

Numa vila perto da cidade moravam dois irmãozinhos: César e Francisco. De sua simples casa eles viam a linda torre da igreja, mas não conheciam a lenda dos sinos.

Souberam, no entanto, que haveria a festa de Natal e que deveriam levar um presente.

– Nós não temos nada para levar, disse César.

– Vamos levar a moedinha de prata que mamãe me deu no aniversário, disse Francisco.

No dia de Natal, César e Francisco partiram para a cidade, levando consigo uma fatia de bolo e a moedinha.

O dia estava muito frio e a neve cobria os campos.

Na metade do caminho encontraram uma velhinha caída, quase morta. César, que era maior disse para o irmão:

– Você tem de ir à igreja sozinho, mano.

Vou ficar e socorrer esta pobre criatura. Preste atenção em tudo para contar-me depois. Não esqueça de ofertar a moedinha. Coloque no altar sem que ninguém a veja. Será o nosso presente ao menino Jesus. Ah, deixa a fatia do bolo para dar à pobre velhinha.

Já era quase noite quando Francisco chegou à magnífica igreja. Entrou. O órgão tocava uma linda música. Uma a uma as pessoas chegavam ao altar e colocavam os mais caros presentes. No entanto, os sinos continuavam calados.

De repente, fez-se silêncio. O rei do país aproximou-se, tirou sua coroa cheia de pedras preciosas e colocou no altar.

Todos pensavam: Agora os sinos tocarão.

Mas os sinos continuaram silenciosos.

Neste momento Francisco lembrou que ainda não ofertara a moedinha de prata ao menino Jesus. Foi então até o altar e colocou-a lá entre os ricos presentes.

O órgão cessou de tocar. Fez-se grande silêncio. Todos olhavam para Francisco.

Súbito, feriu o ar o tanger de um sino, depois o badalar de outro, o bimbalhar de outro em seguida e em seguida. O povo maravilhado ouvia o carrilhão mais lindo e mais melodioso que jamais soara em toda aquela terra.

Quanto a Francisco, encantado com a música que ouvia nem reparou que todos o olhavam e nunca soube que fora a oferta da moedinha que despertara a voz dos sinos lá no alto da torre.

 

* Else Sant´Anna Brum, escritora infantil e educadora.

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