Textos Vencedores do Concurso Carlos Adauto Vieira – 1º Lugar Ensino Fundamental

 

A Academia Joinvilense de Letras tem a satisfação de apresentar os textos dos estudantes vencedores do 3º Concurso Literário Carlos Adauto Vieira, realizado em 2022.
O concurso é promovido pela Academia Joinvilense de Letras e conta com o apoio do Instituto Carlos Roberto Hansen.

1º lugar – Ensino Fundamental

LEMBR(D)ANÇA, de Maria Fernanda Budal Arins

Professora responsável: Ramona Beckert Schulze

Escola Cenecista José Elias Moreira

 

LEMBR(D)ANÇA

 

A primeira lembrança que eu tenho da vida, é uma do tipo embaralhado e fantasioso, que mais parece um sonho do que realidade.

Ela basicamente consiste em mim, alguns bons anos mais jovem, tentando de tudo para conseguir ver o que acontecia do outro lado de uma das janelas do jardim de infância.

Eu era pequena, tinha que subir nas pontas dos pés para enxergar qualquer coisa. Meus dedos gordinhos e desesperados se agarravam na soleira, tentando de tudo para ter um gostinho da aula que ocorria ali dentro: uma aula de dança.

Pode parecer estranho já que estou falando sobre uma memória infantil, mas, quando aquela sala mal iluminada e cheia de bailarinas finalmente chegou ao meu campo de visão, não tive dúvidas. Eu soube que era aquilo que eu queria fazer pelo resto da vida. Dançar.

O dicionário define dança como: “conjunto organizado de movimentos ritmados do corpo, acompanhados por música; bailado.” Mas, a dança sempre foi mais do que isso. Ela sempre foi algo muito mais mágico, às vezes até misterioso. Isso fica muito claro quando não consigo colocar em palavras, tudo que sinto quando subo em um palco, ou quando finalmente acerto um movimento de alta complexidade.

A dança consegue despertar o melhor e o pior de mim, afinal, ela me conhece muito bem. Cresceu junto comigo. Sempre foi a maneira mais eficaz de expressar tudo que sinto, seja alegria ou tristeza, raiva ou calmaria. Ela sempre esteve ali, pronta me ajudar.

Gosto de pensar que não fui eu que escolhi a dança, foi ela que me escolheu. Estava destinada a me encontrar com essa arte, e ela vai sempre fazer parte de mim.

A dança é terrivelmente desvalorizada no Brasil. São poucas as pessoas que consideram “bailarino” como profissão, porém, espero que isso mude um dia. Espero que as pessoas percebam o quanto a dança muda a vida de alguém, o quanto ela pode beneficiar o corpo e o psicológico de um cidadão. Ela me ensinou postura, etiqueta e responsabilidade, e sei que ainda vou aprender muito mais.

Em resumo, sou grata por ter a dança na minha vida. Sem ela, não seria quem sou hoje, e não teria despertado nem metade das saudáveis ambições que tenho. Guardo, e sempre vou guardar com carinho, minha primeira lembrança.

Mafê

 

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