Textos Vencedores do Concurso Carlos Adauto Vieira – 2º lugar Ensino Fundamental

 

A Academia Joinvilense de Letras tem a satisfação de apresentar os textos dos estudantes vencedores do 3º Concurso Literário Carlos Adauto Vieira, realizado em 2022.
O concurso é promovido pela Academia Joinvilense de Letras e conta com o apoio do Instituto Carlos Roberto Hansen.

2º lugar – Ensino Fundamental

O dia que deveria ser esquecido, de Sara Baptistote Tedesco

Professora Responsável: Carla Osmarina Albano Lanza

CEEDUC – Associação Centro Evangélico de Educação, Cultura e Assistência Social

 

O DIA QUE DEVERIA SER ESQUECIDO

 

Era só mais uma segunda-feira totalmente desanimadora. O final de semana havia terminado, e eu estava me revirando na cama como sempre, pelo menos até meu despertador tocar e acabar com a festa. A música do despertador era minha favorita, mas eu estava mal-humorada naquele dia, e não queria nem saber de música. Eu estudava de manhã, e estava no sétimo ano.

Minha mãe preparava meu café.

— O café está pronto Candy, querida! Disse sorridente, a minha mãe que, ao contrário de mim, estava muito bem humorada naquele dia, pois havia ganho um aumento na semana anterior. Então me levantei e fui comer o cereal.

Liguei a televisão e estava passando um noticiário super chato sobre coisas de política, um assunto que simplesmente não curto no momento, principalmente pela manhã. “A guerra está sendo declarada contra a Rússia!” – disse o noticiário. Assustei-me, e a minha mãe fingiu não ter ouvido. Eu estava pensando: “Ué? Guerra no século XXI? Deve ser besteira.” E fui para a escola, mas muito desconfiada.

 

Dia 24 de fevereiro

 

Eu acordei assustada com tudo tremendo muito, som de explosão no meu quarto, mesmo ele sendo calmo. Ele estava inteiro, bom, pelo menos por alguns segundos. Após isso, o chão quase caiu! Então pulei para fora da cama, e, instantes depois, ele desabou. Corri para o andar debaixo, gritando os nomes dos meus pais, mas eles não responderam.

Eu ouvi sons de bombas novamente e corri, ressentida pelos meus pais, ou eu saía, ou terminava como eles. Então gritei novamente, sem sucesso, e fugi.

 

Dia 5 de março

 

Eu estou sozinha tentando ir para a Polônia. Estava a horas em pé, e nem sabia se conseguiria chegar. Eu chorava, meus pais morreram e eu não tinha irmãos. Meu tio e minha tia foram para a guerra, e minhas outras tias moravam nos Estados Unidos. Eu não tinha mais família!

Alguém gritou os mais temidos sons naquela guerra, BOMBAS! Gritos para todos os lados, crianças chorando e pais desesperados… Todos correram para o abrigo subterrâneo. Eu corri até o canto e chorei, chorei. Eu perdi tudo naquela guerra, minha família, meus amigos, minha casa, meu país e meus sentimentos mais felizes.

A minha tristeza não podia ser contada. Eu sorria por fora, tentava acalmar as pessoas, com meu jeito calmo de viver, mas por dentro, eu estava destruída, desmoronava e queria jogar tudo para fora, mas não podia. Sabia que meus pais gostavam do meu jeito calmo de viver, e agora queria honrá-los.

Vários trens passaram, e eu não consegui pegar nenhum. Eu chorava muito e queria desaparecer, mas um trem chegou e tudo mudou. Eu ouvi alguém falar:

– Candy, é sua vez.

 

Embarcando no trem

 

Cheguei a passar mal de tanto alívio por entrar naquele trem, todos lá dentro tinham um ar de alívio, mas eu me sentia triste pelos que ficaram. “Seja valente, forte e corajosa”, minha mãe sempre dizia, é o trecho do livro favorito da minha família.

Pensava o tempo todo que ela não gostaria de me ver triste. Enfim, eu sobrevivi! Eu sou forte e corajosa! Eu… interrompi meus pensamentos ao ouvir o desesperador som de metralhadora. “Ouça-me”, disse uma voz. Eu olhei em volta e percebi que não havia ninguém lá. “Eu estou aqui. Esconda-se em mim, eu estou com você.” Ouvi e me senti calma, mesmo em meio aos tiros, e pedi em silêncio para as pessoas não se machucarem, mas naquela guerra, eu sorri, e segundos depois, um dos tiros acertou-me. Não estava triste, pois eu não tinha mais porque viver, eu perdi tudo, e se eu sobrevivesse, eu não teria motivos para ser feliz.

 

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