Salustiano Luiz de Souza
Cadeira 1
Patrono Alfredo Nóbrega de Oliveira
Fundador Arnaldo S.Thiago
SALUSTIANO LUIZ DE SOUZA nasceu em Itajaí, SC, vindo radicar-se, desde criança, na cidade de Joinville, onde reside até hoje.
Leitor assíduo desde tenra idade, possui formação acadêmica em Economia e Direito, com especialização nas áreas de Economia Industrial, Direito Empresarial e Direito Previdenciário.
Exerce a profissão de advogado, tendo sido o fundador e hoje sócio do escritório de advocacia Souza Postai Advogados Associados, de Joinville.
Com atuação profissional em diversas empresas, foi também professor universitário durante vários anos, lecionando nas áreas de Economia, Administração e Direito.
Publicou diversos artigos e contos em periódicos e jornais. É autor dos romances “O ETERNO BARNES” e “AS SETE LUAS”.
É o diretor financeiro da Academia Joinvilense de Letras
Busca (Salustiano L. de Souza)
Busca Buscando respostas que o tempo eclipsa. Na vastidão do eu me encontro a vagar, Na teia do cosmos, universo de premissa O sentido da vida, enigma a decifrar. Cada drapejar de sopro ecoa no infinito, Cada lampejo, tênue estrela a brilhar. Parte que somos deste imutável mito travestido em viver, sentir […]
O menino que descobriu Joinville (Salustiano Souza)
O MENINO QUE DESCOBRIU JOINVILLE Salustiano Souza O menino desabrochava em mim. Inquiridor nas buscas, embevecido nas descobertas. A cidade abria-se nos mistérios de seus recônditos, ofertando mesclados de tintas e cores por todos os lados, como se porejassem no percurso de suas ruas. Tudo era novo e velho ao mesmo tempo. Maravilhado, […]
Um outro presente (Salustiano Souza)
UM OUTRO PRESENTE Salustiano Souza Balthasar estava absorto, sequer percebendo o sacolejar do camelo. Tentava entender Herodes, que, apesar de tão gentil e amável, deixava transparecer algo de maldade. Por conta disso repisava os passos da jornada até Yerushaláyim na tentativa de encontrar alguma explicação. Relembrava a recepção ofertada, o excelente vinho adormecido […]
Os Três Porquinhos da Harmonia Lyra
OS TRÊS PORQUINHOS DA HARMONIA LYRA Eu recém havia descoberto a bicicleta, essa maravilha quase voadora que fez encurtar meu mundo de 12 anos. Aprendi nas grandes, de adulto, passando a perna por baixo da barra, em engraçado malabarismo, naquela “zica” velha e enferrujada. A bicicleta monareta, sonho de consumo da criançada, apareceu […]
Salustiano Luiz de Souza (Marinaldo)
SALUSTIANO LUIZ DE SOUZA Ouvi a música “Era uma vez”, que fez muito sucesso há dois anos atrás, e lembrei de Salustiano, de textos dele que tinha lido, e imaginei Itajaí, nos anos 70 e 80, criando um guri curioso, leitor e atrevido de tão serelepe, brincando de bola com “o gordo, o […]
Antártida (Salustiano)
ANTÁRTIDA A verdade é que estava cansado. Fantástica era a paisagem. Fitava os montes brancos no gelo avolumado sobre o mar, embrumando-se nos respingos de cerração que se dissipavam na cálida réstia de sol, que teimava adentrar pelo grosso vidro. Placidez na imensidão branca que insistia tornar-se cinza no continente gelado. Por onde […]
O casamento de Preta (Salustiano)
O CASAMENTO DE PRETA “A preta vai casar!” A notícia correu rua na boca da velha Paula, talvez a mando. Era vizinha “de porta”. Dona Juveci, mãe da noiva, estufava os secos peitos: “Pois é, boba, um rapaz tão ‘bão’. E tem um corcel”. Assim, Zeca, o pacato e reservado noivo, adentrou no falatório da […]
O presente de Natal (Salustiano)
O PRESENTE DE NATAL Na cama quentinha da minha infância, vovô puxava o cobertor sobre mim e eu logo pedia: – Conta uma história? Ele sorria e perguntava qual. – Aquela dos presentes. Ele rebuscava na memória com os olhos brilhantes e começava: “Era uma vez uma moça que acabara de casar. Eram pobres e […]
Mulheres em alta (Salustiano)
MULHERES EM ALTA Embora muitos não se aperceberam, nos últimos dias Joinville passou (e está passando), por uma intensa ebulição cultural. Estamos tendo a Feira do Livro, agora em sua 17ª edição, com o tema “A força transformadora da leitura. Criada em 2004, este evento tem sido motivo de orgulho para nossa cidade, na medida […]
A criança que me habita (Salustiano)
A CRIANÇA QUE ME HABITA A vida era feita doce e era bom. Ah, como era! Traduzia-se em lauto banquete na manhã fria, apenas amendoim cru no café quente e pão com manteiga, acarinhados no sorriso da vovó. Ou aventuras gigantescas, como escalar o minúsculo pé de goiaba, soltar os braços e adernar velas ao […]
Como uma onda no mar (Salustiano)
COMO UMA ONDA NO MAR No leve marulhar de noite enluarada ela surgiu. Primeiro imperceptível, como leve esgazear sob a agitação do vento, depois um pequeno contorno na imensidão do oceano, rapidamente ganhando volume, convertendo-se em arredia onda. Olhou ao redor e outras mais se formavam, num átimo eram muitas, a correr na mesma direção, […]
Pietá (Salustiano)
Pietá “ave maria…”. A réstia de sol tremulava solitária no azul dos olhos cravados em mim, furtiva não os ousava fitar. Medo? Nada, indizível respeito, aquele não sentir-se digna que apunhala a dúvida no peito. Fitei-os a contragosto no mármore luzidio de luz pouca. Seduzia-me o semblante de difícil descrever na doçura que o ensombrecia, […]
Sonho frio (Salustiano)
SONHO FRIO Olhou para cima, fitando a marquise e achou-a alta, mas não tinha o que fazer sob o vento gélido, pois sabia que não conseguiria caminhar mais sob tamanho frio. Resolveu ficar. Estendeu sobre a calçada o papelão que antes fora uma caixa e sobre esse estendeu a toalha carcomida pelo tempo. Deitou-se sobre […]
Solidão (Salustiano)
Solidão Dobrou de leve o joelho direito, retesando a perna esquerda, pondo-se na posição do guerreiro empunhando a lança. O lusco-fusco da madrugada só me permitia ver a silhueta sob o fundo esbranquiçado da cerração que pairava sobre o mar parado. Levou a chumbada à boca, abriu a mão em leque recolhendo nova braçada e […]
Mateus 27, 46 (Salustiano)
MATEUS 27, 46. Na tarde que caía A tinto da face reluzia O sangue que escorria, A vista que plúmbea ardia A avistar a covardia Que ora lhe submetia. A dor que o acometia, Chegando plena e tardia No temor que o sucumbia. A cabeça que pendia Não mais conseguia Ver a multidão […]
Ac. Salustiano leu “A escravidão”, de Laurentino Gomes
RESENHA – A ESCRAVIDÃO Autor: Laurentino Gomes Laurentino Gomes, autor de best-sellers como 1822, 1889 e principalmente 1808, nos apresenta um trabalho literário/jornalístico minucioso e perturbador, na medida em que traz de forma simples, embora minuciosa e corroborada por fontes de pesquisa, todo o enredo que culminou na maior mercantilização de seres humanos da […]
“Amélia”, de Salustiano de Souza
AMÉLIA Não vou cair nessa de falar que Amélia que era mulher de verdade, até por que isso está muito batido, muito repisado. Na verdade Amélia era uma escrava. No sentido mais literal da palavra. Ganhara-a na troca com o cara da noite, naquelas coisas inexplicáveis que só acontecem nos quadrinhos. Calma, eu explico: Eu […]
“A escalada do Batur”, de Salustiano de Souza
A escalada do Batur Não pode deixar de reparar na senhora que levantou-se com muito custo ao ser chamada. Provavelmente passara dos oitenta, assim como ele. Lembrou-se de suas articulações doloridas ao perceber o esforço que ela fazia para sustentar-se na bengala, embora mantivesse o sorriso que nada denunciava. Tinha singela beleza, daquelas que as […]
A triste sina de Altamiro
Altamiro era pacato. Também pudera, criado nas lides do fumo, lá nos cafundós de São João Batista. Na realidade era de Tijipió, mas tinha vergonha de dizer. Se bem que pacatez não era desculpa, tinha irmãos bem desenxabidos. Não havia o que explicar, ele era assim e pronto. Mas era trabalhador. O certo é que […]
A escalada do Batur
Altamiro era pacato. Também pudera, criado nas lides do fumo, lá nos cafundós de São João Batista. Na realidade era de Tijipió, mas tinha vergonha de dizer. Se bem que pacatez não era desculpa, tinha irmãos bem desenxabidos. Não havia o que explicar, ele era assim e pronto. Mas era trabalhador. O certo é que […]
As sete luas
– Me chame Sofia, por favor, falou ela delicadamente. – Isso mesmo, pensou, nada de Senhora Promise. A atendente apenas sorriu, pois chamava, por educação, a todos pelo sobrenome, eram ordens da empresa. O Promise vinha da mãe, significava promessa. – Você é minha promessa, ela falava sorrindo quando Sofia pedia para repetir sua história […]
Um novo Frankenstein?
(do romance O ETERNO BARNES) – Começa por aqui – falou Barnes, como se estivesse falando para si mesmo. Barnes resolvera implantar a matriz de eletrodos em Alexandre alguns dias antes de fazerem a cirurgia definitiva, a transferência dos arquivos cerebrais de um para o outro. – Com isto teremos mais controle sobre o […]
Nascimento de garranchos e rabiscos
… Num dia qualquer no início de 1968… – Cadê o resto da história? Voltando pela quase deserta estrada nova, hoje chamada Helmuth Fallgather, ali no Boa Vista, matutava a história lida em sala, no terceiro ano da Escola Primária Tupy. A professora trazia livros e líamos excertos. Dona Maria das Graças ficava impressionada com […]
A estagiaria
Doutor Pantaleão era terrível. Não tinha pior. Aliás, empatava com Doutor Astolfo quando juntos. Rápido no pensamento, não perdia chance de derrubar adversário, era mestre na galhofa, com “expertise” em chacota. Juiz de Direito, letras grafadas em maiúsculo, exigidas e alardeadas aos quatros ventos, iniciara como juiz de paz, mas como a lei mudou, tinha […]
Salustiano de Souza – Discurso de posse
Excelentíssimo Sr. Dr. Carlos Adauto Vieira, Digno Presidente da Academia Joinvilense de Letras, o qual, cumprimentando, cumprimento todos as demais autoridades que prestigiam este evento. Senhoras e Senhores: Há cerca de 20 anos, quando comecei minha carreira na advocacia, fui contratado por um cliente e fomos à audiência. Eu estava confiante que o meu cliente […]