Milton Maciel
Cadeira 14
Patrono Ernesto Niemeyer
Fundador Josette Maria Schwoelk Fontán
O acadêmico Milton Maciel, escritor, editor, consultor agrícola, conferencista internacional, músico e compositor, é gaúcho da fronteira com o Uruguai.
Viveu 25 anos em São Paulo, onde foi fabricante de aparelhos científicos para análise química, agricultor orgânico e consultor; e quatro anos em Maceió, Alagoas, onde foi Secretário de Agricultura. Escolheu Joinville para viver no ano de 2003. No período 2007-2014 residiu e trabalhou nos Estados Unidos como conferencista, escritor e ghost writer.
Tem, até o momento, 36 livros publicados em 3 idiomas, entre romances, contos, poesias, ensaios e livros técnicos de astronomia, nutrição, etanol e agricultura orgânica.
É também membro da Associação das Letras e da Confraria do Escritor, ambas de Joinville, da Academia de Letras e Artes de São Francisco do Sul e da Romance Writers of America.
É criador e titular do Curso de Formação de Escritores “O Escritor Publicável”. E diretor da Escola Brasileira do Escritor, de São Paulo.
Foi o presidente da Academia Joinvilense de Letras, de 2016-2018.
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O personagem ou a personagem? (Milton Maciel)
O personagem ou a personagem? Milton Maciel De uma vez por todas, vamos deixar claro: você escolhe. As duas formas são corretas. Personagem é um substantivo de dois gêneros, aquilo que se chama ‘comum de dois’. Veio para o português do latim persona, aquela máscara usada no teatro grego clássico. Mas a palavra […]
Amor, tímido temor (Milton Maciel)
AMOR, TÍMIDO TEMOR Milton Maciel No ocaso triste que a tarde cala, Na Lua Branca que à noite fala, No velo cinza que sobe ao chão, Pressinto, tênue, teu vulto breve, Suponho, suave, teu passo leve, Respiro, tenso, minha paixão. Se chegas mesmo, me tremo todo; Se falas algo, me faço mudo; […]
Do brilho desses olhos inconstantes (Milton Maciel)
DO BRILHO DESSES OLHOS INCONSTANTES Milton Maciel Porque de um brilho de olhos saltam lâminas, pontiagudas e cruéis como alabardas, de fótons, de desprezo, de traição. Porque de um brilho de olhos fluem desertos que se derramam, hirtos, parcos, esbatidos, como doses letais de solidão. Incréu converso aos suplícios do martírio, […]
Suprema expressão da beleza (Milton Maciel)
SUPREMA EXPRESSÃO DA BELEZA Uma homenagem a Gilberto Gil Milton Maciel . Ó divinos criadores, arquitetos celestiais, Eis o novo desafio, de dimensões colossais: É mister que hoje criemos o canto de uma nação E, para os seus habitantes, uma forma de expressão. Seja uma forma falada das mais sutis melodias, Que possa cantar, […]
Você asteroide (Milton Maciel)
VOCÊ ASTEROIDE Milton MAciel . São lírios, açucenas, barcarolas, poemas, Lembranças de um romance, fragmentos, cenas, Mistérios, desencontros, dúvidas, teoremas, Hipóteses, abandono, desistência, penas. . Asteroide você: Periélio no vácuo. Um amor fogo fátuo, Um equívoco mútuo, Um adeus insensato A soar no infinito. . A lembrar? poeira cósmica, resíduos apenas: Cenas de lírios, […]
Há encanto, entanto (Milton Maciel)
HÁ ENCANTO, ENTANTO Milton Maciel . Pelos caminhos, nesses chãos perdidos, momentos tantos que não voltam mais. Inconsistências de vividos idos, reminiscências de sofridos ais. Mas há murmúrios, sutis sons trazidos do farfalhar das folhas nos trigais. . Há encanto, entanto: Um deslumbramento no ciciar do vento, que o ouvido atento, converte num canto […]
Um milagre de Natal (Milton Maciel)
UM MILAGRE DE NATAL Milton Maciel Lita e Carmen Lúcia eram mãe e filha. Lita, a mãe; 43 e 18 anos. O marido e pai deixara as duas há mais de 10 anos. Nunca mais deu notícias. Viviam da mão para a boca, numa pobreza de Jó, numa minúscula casinha alugada na periferia. […]
Final companheira (Milton Maciel)
FINAL COMPANHEIRA Milton Maciel O velho gaúcho, na noite voltando Ao tranco sereno do seu animal, À lua confia lembranças de quando Piazito corria que nem um bagual. De volta pro rancho, tristeza levando Como companheira… solito nomás. Do moço valente não resta mais nada, Do guapo vaqueiro nem é bom lembrar. […]
O olhar da professora (Milton Maciel)
O OLHAR DA PROFESSORA Milton Maciel Tristonho e angustiado, o olhar da professora Contempla, entre lágrimas, a visão assustadora Das contas sobre a cama, abertas como um leque. Ao lado, para honrá-las, o bisonho contracheque! . As pilhas a subir: São roupas pra passar, São louças pra lavar, Provas pra corrigir! E filhos […]
Rejeições (Milton Maciel)
REJEIÇÕES Para você, que desiste fácil MILTON MACIEL Pois é, desistir ante as normais dificuldades de um projeto ou ideia geralmente não é um bom negócio. Vou justificar isso dando alguns exemplos de escritores que foram rejeitados maciçamente, anos a fio, mas acabaram tendo sua persistência recompensada com a publicação e o subseqüente […]
Um quase-sol (Milton Maciel)
UM QUASE-SOL MILTON MACIEL Um quase-sol semidesmaia no horizonte, Por trás de nuvens ralas, baixas, descabidas. E um céu cinzento obscurece minha fronte, Levando a doer, ainda mais, minhas feridas. Em cada nuvem esboçada pelo vento, Eu sempre acabo por prever sua figura. Sou só saudade, só névoa, ressentimento, Um triste amante […]
De flores e gramados, de sol e borboletas (Milton Maciel)
DE FLORES E GRAMADOS, DE SOL E BORBOLETAS MILTON MACIEL (*) Meus pés passavam mansamente num gramado – Escandalosamente iluminado – que explodia, tão feérico de Sol, resplendente de verdíssima beleza. Ali numa touceira, onde brotavam espontâneas, centenas de flores, silvestres e pequenas, rebrilhavam. E ao seu redor esvoaçavam as mais […]
Meus oitenta anos (Milton Maciel)
MEUS OITENTA ANOS MILTON MACIEL (Gratidão, Casimiro de Abreu!) . Ah, que deleites que eu tenho No ocaso da minha vida, Minha velhice bem-vinda, Que os anos só trazem mais. Que amor, que sonhos, que flores, Desfrutei – uma vida inteira, Que despontou na fronteira Dos pampas, dos Uruguais! . Como são ternos os […]
No cais, a espera (Milton Maciel)
NO CAIS, A ESPERA MILTON MACIEL Anseiam seios, no seu peito arfante, Pelos lábios febris daquele amante Que arrebatou, o mar, pro Novo Mundo. Cavo sonido vem do peito ardente, Mais um soluço, que num de repente, Irrompe oriundo de um pesar profundo. Vazias mãos, qual aves desnorteadas, Em vão se agitam, […]
Minha Homenagem a Carlos Adauto Vieira (Milton Maciel)
MINHA HOMENAGEM A CARLOS ADAUTO VIEIRA MILTON MACIEL Um oceano impediu-me ontem de estar junto com os colegas na Sessão da Saudade do nosso Restaurador e Presidente, nosso querido Mestre Adauto. Ao qual devo a honra do inesperado convite para ingressar na AJL. . E, tempos depois, para a mais que inesperada indicação (e […]
Poema de Outono (Milton Maciel)
POEMA DE OUTONO MILTON MACIEL Dedicada hoje a Carlos Adauto Vieira . Tomba a folha mansamente, em seu último suspiro, Rutilante em tons de rubro, de um brilho adamantino. Despede-se da luz, do bosque ‘inda verde, do retiro Em que viveu sua vida e onde cumpriu o seu destino. . Vezes sem conta tragou sol, […]
A pequena Wang Li (Milton Maciel)
A PEQUENA WANG LI 王丽 MILTON MACIEL A pequena Wang Li empunhou com coragem o carrinho de mão. Pai tinha que trabalhar na lavoura de arroz. Mãe ainda tinha que ordenhar mais cabras. Mas o leite para entregar ao caminhão de Zhang Wei já estava ali no latão, quente dentro do carrinho. Muito pesado […]
Fim de sonho (Milton Maciel)
FIM DE SONHO MILTON MACIEL No lento obliterar dos velhos sonhos Extinto o que de bom já houve neles, O vê-los fenecer não mais assusta, Mutados que já são em coisas reles. Eis que o seu findar é a coisa justa, A vestir a alegria em sons tristonhos. Por que mirar […]
O mundo é dos jovens? (Milton)
O MUNDO É DOS JOVENS? MILTON MACIEL NÃO, ESSE É UM MITO INTENCIONALMENTE CRIADO! Mas é preciso que os jovens e as pessoas de meia-idade acreditem nesse MITO, porque é assim que o SISTEMA funciona. Ora bolas, o mundo é de quem tem o DINHEIRO, caramba! Como diz um sábio ditado argentino: “El que paga que […]
Tia Meméia – Uma história de felicidade (Milton Maciel)
TIA MEMÉIA – Uma história de felicidade Extraído de: “HELLO, TCHÊ – Contos do Norte e do Sul”, Milton Maciel – IDEL, 2013, 200 pg Ela era realmente uma figura sui generis. Não havia, não poderia haver nada igual na nossa cidade pequena. E tão sui generis era que eu insisto em dizer NADA – e, não, […]
Como deixar de ser ciumenta (Milton)
COMO DEIXAR DE SER CIUMENTA E POSSESSIVA MILTON MACIEL Marlene era a Moura de Veneza Brasileira. Explico: Marlene era mais ciumenta que dez Otelos e morava em Recife, a Veneza Brasileira. Era casada há pouco mais de cinco anos com Antônio Carlos, funcionário burocrático da Petrobrás. Do marido de Marlene as pessoas sabiam essencialmente duas […]
📖 Milton Maciel (Marinaldo)
TEXTO PRESENTE PARA MILTON MACIEL Espero que todos tenham tido um bom dia. Informo, de antemão, aos cardíacos e os fragilizados, por favor: se quiserem, podem sair da sala porque eu lhes darei um susto. Sim, um susto! Porque quem vocês veem aqui não é um homem, nem alguém que esnobemente intitularam de imortal. Aqui, […]
📚 Poema para Milton Maciel (Else)
Poema para Milton Maciel Else Sant’Anna Brum Milton: Vamos ter neste Café Antes da sua partida, Um bom papo literário Nossa fala preferida. Queremos então dizer, Entre contos e poesia, A saudade que tu deixas Nesta nossa Academia! Nós sentiremos a falta Do escritor, do editor, Do músico e do poeta Palestrante e professor. […]
A sentinela do Onofre (Milton)
A SENTINELA DO ONOFRE MILTON MACIEL Bueno, esta aconteceu quando correu a notícia que o Onofre tinha morrido. Todo mundo um dia bate com as dez. O Onofre bateu com as duas – as duas guampa no chão! Falseô o pé numa escadita de nada, foi ajudá a pegá um rolo de fumo na […]
Fagulha, seu pateta! (Milton)
FAGULHA, SEU PATETA ! MILTON MACIEL Recebi um e-mail de mim mesmo. Algo super comum hoje em dia. Mas não esse: esse vinha do FUTURO! Exatamente 12 anos, 9 meses e 3 dias no futuro: 9 de Julho de 2033. Claro, vocês vão achar que é só erro do clock do computador de […]
Um milagre de Natal (Milton)
UM MILAGRE DE NATAL – conto MILTON MACIEL Lita e Carmen Lúcia eram mãe e filha. Lita, a mãe; 43 e 18 anos. O marido e pai deixara as duas há mais de 10 anos. Nunca mais deu notícias. Viviam da mão para a boca, numa pobreza de Jó, numa minúscula casinha alugada […]
A pequena prostituta (Milton)
A PEQUENA PROSTITUTA MILTON MACIEL Av. Robert Kennedy, a beira-mar da praia de Ponta Verde, Maceió – 1999. O último de meus quatro anos em Alagoas, onde assumi uma Secretaria de Agricultura. Paro meu carro num sinal. Uma mãozinha pequena bate no vidro, do meu lado. Dou esmolas por princípio, sempre tenho notas no […]
📚 ”Gilberto Gil na Academia” (Milton)
GILBERTO GIL NA ACADEMIA MILTON MACIEL Em minha obra “O QUE É POESIA: A Poesia da MúsicaBrasileira”, escrita para um série de eventos musicais que apresentei várias vezes em São Paulo (e uma vez, simplificado, em Joinville, junto com o músico paulista Fio José) transcrevo um longo trecho de um artigo de Nelson Ascher, publicado […]
O olhar da professora (Milton)
O OLHAR DA PROFESSORA MILTON MACIEL Tristonho e angustiado, o olhar da professora Contempla, entre lágrimas, a visão assustadora Das contas sobre a cama, abertas como um leque. Ao lado, para honrá-las, o bisonho contracheque! . Há pilhas a subir: São roupas pra passar, São louças pra lavar, Provas pra corrigir! . E filhos a […]
As amantes do português (Milton)
AS AMANTES DO PORTUGUÊS MILTON MACIEL O português era conhecido em todo o bairro, o que era simplesmente um contrassenso, porque ele havia chegado ali há menos de seis meses, tempo que levava de vida no Brasil. Mas Manoel José era mesmo um homem muito diferente. Diferente e diferenciado. A começar pela profissão: […]
A pequena guerreira (Milton)
A PEQUENA GUERREIRA MILTON MACIEL Eu a vejo passar, miúda, delgada, levemente curvada para a frente. Os cabelos grisalhos bem curtos, a comissura dos lábios riscando a curva para baixo, perfeita tradução do que foi sua vida até hoje. Mas a pequena guerreira é estoica, não se queixa. Com algum esforço, até sorri. É compreensiva, […]
📓Recepção de Bernadéte (Milton)
BEM-VINDA, BERNADÉTE (Milton Maciel) “Ó, bendito o que semeia Livros, livros à mancheia E manda o povo pensar…” Que susto, hein! Na certa pensaram: “É agora que ele declama O Livro e a América, Espumas Flutuantes e o Navio Negreiro e a gente só sai daqui à meia-noite! Não. Calma. São apenas 3 […]
Trem de ferro – crônica (Milton)
TREM DE FERRO MILTON MACIEL Voei de New York para Washington, DC. Depois, findo o congresso literário, resolvi conhecer os trens de passageiros norteamericanos, voltar para a Big Apple com a Amtrak. Embarquei na Union Station e perguntei a um funcionário da ferrovia a que hora chegaríamos na Penn Station. “Five-ou-one”, foi sua resposta […]
📚 “Uma segunda pessoa” (Milton)
UMA SEGUNDA PESSOA Milton Maciel Você fica uma manhã inteira na frente de um prédio, gelando dentro de um carro velho. Frio desgraçado. Mais desgraçado ainda é o pançudo deles, que não sai pra tomar seu trago nem com reza braba. Pô, relaxa, cara. Ele vai sair, sempre sai, o cachaceiro; é só uns […]
Para nascer basta estar morto (Milton)
PARA NASCER BASTA ESTAR MORTO MILTON MACIEL O POCKER CORRIA SOLTO NA MESA 7 DA CLÍNICA SEIS. Os quatro jogadores pouco falavam, havia um clima de velório pairando no ar. – Teus dois e mais quatro. – Eu corro. – Pago. Mostra. – Trinca de valete – Rabudo! Norton chegou atrasado. Ia ter que […]
Coma um sapo vivo todas as manhãs (Milton)
COMA UM SAPO VIVO TODAS AS MANHÃS MILTON MACIEL “Eat a live frog first thing in the morning, and nothing worse can happen to you the rest of the day” (Mark Twain) “Primeira coisa na manhã: coma um sapo vivo; e nada pior pode acontecer para você o resto do dia.” Esta brilhante tirada satírica do […]
📖 “Manoel da Nóbrega” (Milton)
MANOEL DA NÓBREGA: O FUNDADOR de São Paulo é o CRIADOR do Rio de Janeiro … O jovem Estácio sentia-se mais abatido do que nunca. Que cruz tomara sobre seus inexperientes ombros! Voltara de Portugal com a específica incumbência de fundar uma vila bem no coração das terras tamoias. Ou seja, no meio de milhares […]
📕“Isto é ser imortal” (Milton Maciel)
ISSO É O QUE SIGNIFICA SER IMORTAL! Milton Maciel 89 anos depois de nascer, em 1931, um livro de Monteiro Lobato ganha mais uma tradução em espanhol e segue muito VIVO (Na verdade Narizinho nasceu antes, como o primeiro livro infantil de Lobato, com o nome “A menina do narizinho arrebitado”, publicado em 1920). “Las […]
Reencontro de Ano Novo (Milton)
REENCONTRO DE ANO NOVO MILTON MACIEL Não tinham tido filhos. O patrimônio era só o apartamento, Maria Sílvia continuaria morando nele. Já Alberto optou por mudar-se para um apart-hotel bem junto a seu emprego, descomplicava tudo pra ele. Era 22 de Dezembro, despediram-se como bons amigos, tinham ficado casados por doze longos anos, […]
📘 ”Morreu John Le Carré” (Milton)
Morreu JOHN LE CARRÉ. Foi no último dia 12. Imediatamente escrevi uma nota, mas acabei desistindo de postar, porque ficou muito grande para um grupo de WhatsApp. Mas hoje, face ao que Veríssimo publicou, animo-me a postar. Por quê? . Porque este David Cornwell, britânico de pseudônimo John Le Carré, é um perfeito exemplo de […]
? “Das delícias de escrever romance histórico” (Milton)
DAS DELÍCIAS DE ESCREVER ROMANCE HISTÓRICO (ou: O OVO DO CUCO) MILTON MACIEL O cuco é um diabo de um passarinho esperto. Não faz ninho próprio nem cuida das crias. Bota os ovos, devidamente camuflados, no ninho de outra espécie de pássaro, que vai chocá-lo e alimentar o filhote de cuco. Que sai do ovo […]
Khirbet Kumran (Milton)
KHIRBET KUMRAN – Nathan, o Zelote MILTON MACIEL Do alto, à entrada da caverna, a velha contemplava a paisagem de Khirbet Qumran. A noite caia rápida e a visão da praia e da grande extensão de água à sua frente ia se fazendo mais e mais enevoada, aumentando a falta de nitidez com que […]
Que poetas existam, é preciso (Milton)
QUE POETAS EXISTAM, É PRECISO MILTON MACIEL – Celebrando o DIA DO POETA, 20 de Outubro É preciso que os poetas falem roucos, Livres, soltos, desmiolados, doidos, loucos; Libertários, Libertinos, Temerários, Pequeninos. Solitários. Uns meninos! É preciso que os poetas cantem soltos, Os seus ais de mares mansos ou revoltos. Censurados, Desamantes, Desvairados, Delirantes. Desvalidos, […]
“? Prêmio Nobel de Literatura” (Milton)
PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA LUISE GLÜCK, professora norteamericana de língua inglesa em Yale, é a vencedora do 113º Prêmio Nobel de Literatura. Ela é a 16ª mulher a receber tal premiação. O galardão máximo da literatura mundial foi-lhe outorgado pela Academia da Suécia neste dia 8 de outubro, mercê de “sua voz poética característica, de […]
Um conto de amor sem diálogos (Milton)
UM CONTO DE AMOR SEM DIÁLOGOS MILTON MACIEL O mais perfeito dos amantes! Como poderia ela pensar em viver sem esse homem? Ainda há pouco ele a tinha amado como nunca. Ou seria melhor dizer… “como sempre”? Ah, cada vez que, ao final, ele levantava da cama, ela ficava com essa sensação: foi melhor, […]
Noite alta (Milton)
NOITE ALTA MILTON MACIEL Noite alta… Pés indecisos inscrevem pelas ruas, uma ambígua, bizarra caligrafia, de passos bêbados, incertos, oscilantes. Tristes mulheres, pobres, seminuas, enregeladas sob a névoa fria, tentam vender seu corpos excitantes. Desaba a noite sobre todos os cansaços. E esmaga – os corpos derreados, lassos – seres moídos de desesperança. E, […]
E quando ensino (Milton)
E QUANDO ENSINO… MILTON MACIEL Comecei aos quatorze anos: professor particular de matemática. Aos 16, no primeiro ano do colegial, formei uma turma de alunos do terceiro e preparei-os para o vestibular. Passaram os seis! Eu era precoce e muito bom em exatas, ganhava assim o dinheiro para gastar com as namoradinhas, […]
? “Mas não o reconheceram” (Milton Maciel)
MAS NÃO O RECONHECERAM A Parusia: Como foi volta de Jesus Cristo à Terra “Eu acredito na santidade dele e para mim, como padre, não resta a menor dúvida que ele é mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, que voltou à Terra.” Vaticano, sede da Congregação Para a Doutrina da Fé, 23 de Maio de 2005. Às […]
Visitou-me um dia, a Morte (Milton)
VISITOU-ME, UM DIA, A MORTE MILTON MACIEL Visitou-me, um dia, a Morte. Foi quinta passada. Manifestou-se de repente e percebi que tinha chegado a minha hora. A Morte não é a magra, nem velha, nem feia, com foice na mão. Bobagem. Também não é o rapaz bonito do filme do Brad Pitt. A Morte […]
Compondo (Milton)
COMPONDO MILTON MACIEL 1841, Londres. É noite alta na grande mansão do maestro George Friderik Handel, o grande compositor nascido na Alemanha como George Friedrich Händel e naturalizado inglês desde 1815. Dois homens conversam, angustiados: – Mr. Johan, não sei mais o que fazer. O Mestre continua sem me atender, é como se não me […]
Gato branco em campo de noite (Milton)
GATO BRANCO EM CAMPO DE NOITE – fábula carioca MILTON MACIEL. O gato angorá, com seu pelo branco como a neve (neve é uma coisa branca e fria que existe em cartão de Natal do Brasil, mas não existe no país. Quer dizer, exceção feita, custa os olhos da cara para ver por meia […]
? “Trem de ferro – conto” (Milton Maciel)
TREM DE FERRO – conto MILTON MACIEL Raios, maldito trem! – Martim acordou assustado, o quarto trepidava inteiro, o quadro na parede em frente batia nela, o ruído das rodas de ferro nos trilhos era ensurdecedor. Para piorar, veio o apito: longo, alto, lento, estridente. Martim olhou o mostrador azul do rádio relógio digital: 23:30 […]
Café da manhã (Milton)
CAFÉ DA MANHÃ MILTON MACIEL (Coluna do Jornal do Iririú) Ah, o café, a manhã!… O aroma inebriante, a cafeína redentora, o pecadilho autoconcedido do açúcar. Ah, modo bom de começar o dia! Bendito café da manhã… Mas não é o melhor de tudo. O melhor, o mais gostoso […]
? “As Joinvilles no mundo”, de Milton Maciel
AS JOINVILLES NO MUNDO MILTON MACIEL Existem ao menos três cidades com o nome Joinville dignas de nota neste mundo: duas na França e uma no Brasil. E mais uma Ilha Joinville, que faz parte do Arquipélago de Joinville, na Antártida. A JOINVILLE do Brasil é razoavelmente conhecida pelos brasileiros. Trata-se da 3ª. maior cidade do Sul […]
A mulher braba do baile (Milton)
AS MULHER BRABA DO BAILE Poema de humor gaúcho MILTON MACIEL Diz que criança e borracho, Deus anda com a mão por baixo. Pois é verdade, asseguro, Eu mesmo vi e le juro! Pois o maula do Antenor, Depois de tomá umas canha, Resolveu sacudí as banha Num baile […]
Rejeições (Milton)
REJEIÇÕES Para você, que desiste fácil MILTON MACIEL Pois é, desistir ante as normais dificuldades de um projeto ou ideia geralmente não é um bom negócio. Vou justificar isso dando alguns exemplos de escritores que foram rejeitados maciçamente, anos a fio, mas acabaram tendo sua persistência recompensada com a publicação e o subsequente sucesso de […]
O primeiro encontro (Milton)
O PRIMEIRO ENCONTRO MILTON MACIEL A moça linda, de esvoaçantes cabelos negros, enfiada em um também esvoaçante vestido verde, falou ao chegar à entrada: – Por favor, vocês poderiam me indicar daqui, discretamente, qual é a sua mesa 17? Uma jovem de tailleur preto dirigiu-se à recém-chegada, para poder responder em voz baixa, atendendo à […]
Os senhores e os príncipes de Joinville (Milton)
OS SENHORES E OS PRÍNCIPES DE JOINVILLE MILTON MACIEL Jean de Joinville, biógrafo de São Luiz, não é um ancestral de François Ferdinand, nosso Príncipe de Joinville, o marido de Dona Francisca. Isso porque o DE JOINVILLE de Jean é um gentílico e ao mesmo tempo um título nobiliárquico (SEIGNEUR), que começa a existir no […]
O nascimento de Jesus Cristo (Milton)
O NASCIMENTO DE JESUS CRISTO MILTON MACIEL Realizado em 312 AD, no império de Constantino, o concílio de Niceia, a que me referi linhas atrás, serviu para estabelecer como dogma a divindade de Cristo. Contudo, não houve unanimidade entre os bispos a respeito da forma como essa divindade seria definida. Então os vencedores (“aos vencedores […]
Desejo a todos um feliz “Dies Natalis Solis Invicti” (Milton)
Desejo a todos um feliz“Dies Natalis Solis Invicti” MILTON MACIEL O que equivale a desejar que possamos disfrutar o bom convívio familiar e a troca de presentes num 24/25 de dezembro, data sagrada de homenagem àquele que veio trazer sabedoria, paz e solidariedade aos homens na Terra. E a um simultâneo empanturrar-se com iguarias e panetones cheios de glúten. É claro que eu estou falando da comemoração em […]
Um burro carregado de livros (Milton)
UM BURRO CARREGADO DE LIVROS O psicólogo norteamericano Stephen Arroyo afirmou, a respeito da função Intelecto na psique: “O Intelecto é um servo muito bom, mas pode ser um amo muito mau”. Ele se refere ao aspecto bipolar da função intelecto, que tem duas vias: entrada e saída, input e output. Pela primeira via você absorve informação, pela […]
A menina prostituta
Av. Robert Kennedy, a beira-mar da praia de Ponta Verde, Maceió – 1999. O último de meus quatro anos em Alagoas, onde assumi uma Secretaria de Agricultura. Paro meu carro num sinal. Uma mãozinha pequena bate no vidro, do meu lado. Dou esmolas por princípio, sempre tenho notas no carro para isso (Desde 2007 faço […]
? “Suprema beleza”, de Milton Maciel
Ó divinos criadores, arquitetos celestiais, Eis o novo desafio, de dimensões colossais: É mister que, hoje, criemos o canto de uma nação E, para os seus habitantes, uma forma de expressão. Seja uma forma falada das mais sutis melodias, Que possa cantar, a um tempo, os amores e elegias. Que tenha o sonido cavo […]
El nenúflar blanco
MILTON MACIEL – poesías en español (Glossário abaixo) Un día pasé por el lago… Y me tuve que parar por un tiempo infinito. El nenúfar se puso una flor blanca, diáfana Que en el centro ardía como oro. Alrededor las hojas verdes oscuras y brillantes. Y abajo, en el agua calma y fría, el […]
O fechamento das livrarias – partes 1 a 6
O FECHAMENTO DE LIVRARIAS – 1 A onda de fechamentos continua, inexorável. Para quem não observa o mercado editorial e livreiro do Brasil há mais tempo, isso pode parecer uma reflexo da crise atual. Não é. A onda é muito anterior à crise e vem de diversos outros fatores, muito mais fortes, que apenas encontraram […]
A princesinha quer dançar
No alto de um penhasco, Bem na ponta de uma ilha, Num palácio havia um rei Que tinha um filho e uma filha. A princesinha era linda, De uma beleza que encanta. Ela adorava dançar. O seu nome era Samantha. O rei era um homem gordo, Tinha uma barriga enorme. Mas ele se […]
Fome de amor
Mais um dia sem emprego, sem bico. Outra vez! Parecia que tinha dado certo, mas… não! Mais um dia voltando pra casa sem um tostão furado. A fome roía-lhe as entranhas, eram oito da noite e ele ainda estava no magro café da manhã. Quando entrou em casa, a esposa já dormia. O menino também, […]
A guerra de Jacques
CAPÍTULO 1 – Roermond A fria noite do inverno de dezembro de 1943 já tinha caído quando, depois de várias horas de um sacolejar barulhento e irritante, o trem finalmente parou. Que lugar seria aquele? O rapaz do fundo do vagão conseguiu esticar-se todo, contorcendo-se, para poder espiar através da minúscula abertura que […]
João Ramalho no paraíso
1 – VAI, JOÃO, VAI CONQUISTAR O BRASIL! VOUZELA, Portugal, 1512 – Não vais, não vais e não vais! Está decidido! Eu sou tua mãe e tu me deves obediência. Não vais! Eu não t’o permitirei ou não me chamo Catarina Afonso de Balbode. E não se fala mais nisso! Catarina de Balbode […]
Não me querem
(Capítulo 35 do romance “A GUERRA DE JACQUES” – Milton Maciel, IDEL, 2017) Bruxelas, 1945 – Os dias que se seguiram à recusa do seu pedido de cidadania belga foram os mais negros da vida de Jacques Miedzinski até então. Nem mesmo quando ele se vira encarcerado em um trem, a caminho da escravidão […]
Ritinha
(do livro “A ESPERA E A NOIVINHA”) Enquanto Dito Timbó procurava por Marta, os três filhos dele, Osmar, Bastião e Jeremias, igualmente matadores de aluguel como o pai, procuravam entrar em contato com Ritinha. Bastião era o mais interessado. Estava encantado com a ideia de ter uma irmãzinha criança de 11 anos e, ao […]
Esse desconhecido João Ramalho
O português João Balbode de Maldonado filho, o João Ramalho, é um dos grandes injustiçados e esquecidos da história do Brasil. De importância absolutamente vital para a viabilização da colonização portuguesa no Sudeste, é totalmente ignorado nos livros escolares. Contudo, sem a presença e o apoio deste português radicado no Brasil desde 1513, teria sido […]
Como e por que me tornei escritor
Como? Muito fácil responder. Tornei-me escritor no exato dia em que me tornei leitor. Eu tinha 4 anos e meio. Minha santa Tia SANTA chegou logo depois do almoço com um presente para mim. Colocou-me no colo e abriu-o. Era uma caixa, no interior da qual havia um monte de pecinhas de madeira, com […]
O desafio do analfabetismo funcional
O analfabetismo no Brasil decresce numericamente de forma lenta, embora o faça mais rapidamente do ponto de vista percentual. Isto é, enquanto o número total de analfabetos permanece estacionado há muitos anos no entorno de 14 – 12 milhões de pessoas, o crescimento da população o torna percentualmente cada vez menor. Hoje somos 208 milhões […]
Khirbet Qumran – Nathan, o Zelote
Do alto da escarpa, à entrada da caverna, a velha contemplava a paisagem de Khirbet Qumran. A noite caia rápida e a visão da praia e da grande extensão de água à sua frente ia se fazendo mais e mais enevoada, aumentando a falta de nitidez com que as cataratas crescentes em seus olhos a […]
Milton Maciel – Recepção por Nelci Seibel
Sr. Presidente da Academia Joinvilense de Letras, Carlos Adauto Vieira Demais componentes da mesa, boa noite! Em primeiro lugar quero dizer que me sinto imensamente honrada em recepcionar o escritor, poeta, músico e professor internacional Milton Maciel, como membro da Academia Joinvilense de Letras. Disseram-me que, por ser também gaúcha, eu seria indicada para tal. […]
Milton Maciel – Discurso de posse
Boa noite, senhoras e senhores e digníssimas autoridades, que nos deram todos o seu precioso tempo nesta noite, gentilmente. Estimadíssimos colegas da difícil arte das Letras, acadêmicos e não-acadêmicos, passados, atuais e futuros: Quis o fado que eu me tornasse para sempre devedor de gratidão para com o presidente desta Academia, Dr. Carlos Adauto Vieira,- […]